Título: Lula anuncia pacote de crescimento depois do dia 1
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2007, Política, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai na sexta-feira desta semana para Guarujá, devendo hospedar-se no Forte das Andradas, pertencente à Marinha. Ficará lá por dez dias e a previsão de retorno é na segunda-feira, 15 de janeiro. Na semana depois das férias ele pretende anunciar o Pacote de Aceleração da Economia (PAC). Alguns ministros saem também de férias neste período, poucos ficarão para o revezamento entre o fim de janeiro e início de fevereiro.

O PT espera o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva das férias de dez dias no litoral paulista para apresentar sugestões de políticas públicas, discutir formação do ministério e consolidar a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara. Serão dois encontros com o presidente, num espaço provável de uma semana: no dia 16 de janeiro, está prevista a terceira reunião da comissão política do partido com Lula. Alguns dias depois, embora sem data definida, Lula deve encontrar-se com a bancada eleita para a Câmara - uma reunião marcada inicialmente para o dia 2 de janeiro e desmarcada pelo próprio Planalto.

Ontem, o presidente participou de mais uma reunião no Planalto para discutir as obras de infra-estrutura. Também estavam presentes o ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, da Casa Civil, Dilma Rousseff, do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Integração Nacional, Pedro Brito.

Quanto ao PT e suas relações com o governo no segundo mandato, as conversas políticas internas serão feitas no decorrer do mês de janeiro. Apesar de algumas reclamações, parlamentares mais experientes não apostam em um confronto entre a bancada e o presidente da República. O PT teve um bom resultado nas urnas, elegendo cinco governadores e uma bancada federal com 83 deputados. Mas Lula saiu ainda mais fortalecido pelos 58,8 milhões de votos. "Seria um suicídio para a bancada", confirmou um parlamentar reeleito.

A bancada, segundo alguns dos seus integrantes, pretende apresentar ao presidente Lula as reais condições de Chinaglia na disputa contra o atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-RS). "Esperamos, se tudo der certo, chegar até o dia do encontro com Lula com a candidatura do companheiro Chinaglia muito bem encaminhada", confirmou a deputada Maria do Rosário (RS).

Outros petistas esperam que a tensão entre os dois postulantes à presidência da Câmara esteja menor até meados do mês de janeiro - o cenário hipotético sonhado por alguns é de que, até o dia 20, um dos dois desista da disputa. Se isso não acontecer, o presidente teria que entrar para valer na disputa, pressionando por uma candidatura de consenso. A prosseguir o clima de acirramento atual, um posicionamento oficial do governo tornaria ainda mais sombrio o desfecho da disputa.

Caberá à Comissão Política discutir com o presidente as estratégias e as políticas do governo iniciado oficialmente no dia 1º de janeiro. "A bancada na Câmara é tática, a Comissão Política é estratégica. A primeira tem melhor noção dos humores do Parlamento e tem que funcionar como base de sustentação do governo. A segunda pensa o partido como um todo, o que nós esperamos na relação política com o governo. Precisa ter uma postura mais independente", defendeu o deputado eleito Jilmar Tatto (SP).

Neste contexto, poucos apostam em mudança na relação do PT com o governo depois da recondução de Ricardo Berzoini (SP) para a presidência da legenda. As razões, contudo, são distintas. Integrantes da cúpula partidária afirmam que a Polícia Federal isentou Berzoini de envolvimento no escândalo do dossiê e sua recondução acabou sendo o caminho natural.

Deputados mais independentes, contudo, vêem Berzoini como um presidente enfraquecido. Na visão de integrantes deste grupo, Berzoini pode até buscar um composição partidária, mas o episódio dossiê deixou espaços para que sua liderança seja contestada por setores partidários.