Título: Risco-Brasil bate novo recorde em meio a rali de início de ano
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2007, Finanças, p. C1

Em um tradicional rali de início de ano, quando os fundos, bancos e seguradoras passam a definir novos limites para suas posições e obtêm maior flexibilidade para voltar a comprar, o risco-Brasil bateu um novo recorde de baixa, chegando a cair abaixo da barreira psicológica dos 190 pontos básicos, batendo em 188 pontos na tarde de ontem.

No final do dia, foi a 193 pontos básicos, 2,66% acima de seu nível mais baixo, por causa do susto com a ata do Fed, banco central dos Estados Unidos. O mercado interpretou que a ata sinalizou riscos de um crescimento menor da economia americana maiores do que os esperados, apesar de a inflação continuar a principal preocupação do Fed. Após a divulgação da ata, as bolsas caíram em Nova York, assim como os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com impacto no risco-Brasil e nos títulos dos demais países chamados de emergentes. Mas, os 193 pontos ainda representam uma queda com relação aos 194 pontos de anteontem, de 0,52%.

A ata do Fed não muda a tendência de queda no risco-Brasil neste ano, de acordo com analistas ouvidos pelo Valor. Walter Molano, estrategista da BCP Securities, elegeu o Brasil, a Argentina e o Peru como suas principais opções de investimento para este ano. "O Brasil e o Peru deverão continuar a marchar rumo ao grau de investimento, um evento que deverá se consumar no final de 2007 ou no início de 2008", diz Molano, em relatório.

Ele lembra ainda que a alta nos preços dos commodities tem permitido ao país acumular reservas recordes, que deverão chegar a US$ 100 bilhões no final de 2007. "Infelizmente, o crescimento do Produto Interno Bruto deverá permanecer fraco, à medida que o governo continua a perseguir um mix de política fiscal e e monetária apertadas", diz.

As empresas brasileiras aproveitaram o rali no início do dia e partiram para lançar papéis no exterior. A GP Investimentos iniciou visita a investidores para captar US$ 150 milhões em títulos perpétuos (sem vencimento final), sob a liderança do Credit Suisse. O Credit Suisse também está à frente da operação do frigorífico Minerva, de US$ 150 milhões, com prazo de vencimento em dez anos.

A GP pretende usar os recursos obtidos com os perpétuos para para investimentos e propósitos gerais, segundo informações aos investidores publicadas pela "Dow Jones Newswires".

A empresa fará visitas em Cingapura, no dia 10, em Hong Kong, no dia 11, em Londres, em 12 de janeiro, e na Suíça, no dia 15. A definição do preço dos papéis deverá acontecer em 15 de janeiro. Os papéis, como os demais perpétuos brasileiros, terão opção de resgate antecipado por parte do emissor a partir do seu quinto ano de vida.

Os perpétuos da GP deverão ter classificação de risco de crédito de "B+" pela Standard & Poor´s e também pela Fitch Ratings e terão como garantia ações do GP Private Equity. Uma conta de reserva com recursos suficientes para pagamento de seis meses de juros será mantida aberta.

Já a Minerva Overseas Ltd., uma unidade da Indústria e Comércio de Carnes Minerva Ltda, vai emitir bônus de US$ 150 milhões garantidos pela matriz brasileira, de acordo com a "Dow Jones Newswires". A venda deverá acontecer após visita aos investidores com início no dia 10 de janeiro e final no dia 18 em Hong Kong, Cingapura, Suíça, Londres, Nova York, Boston e Filadélfia. O preço deverá sair por volta do dia 15 de janeiro próximo.

A Standard & Poor´s concedeu o rating "B" para o Minerva ontem e também a mesma nota "B" para os papéis a serem lançados, de acordo com nota enviada à imprensa. A perspectiva do rating é "estável".

Os recursos obtidos com a emissão de papéis serão usados principalmente para refinanciar a dívida de curto prazo, de US$ 130 milhões, de acordo com a Standard & Poor's, além de financiar os gastos e investimentos da do Minerva nos próximos dois anos. O total de dívida da empresa em setembro de 2006 chegava a US$ 215 milhões, informou a agência de rating.

(com agências internacionais)