Título: Tecnisa compra área de 244 mil m² da Telefônica por R$ 135 milhões
Autor: Boechat, Yan
Fonte: Valor Econômico, 22/01/2007, Empresas, p. B1

A construtora e incorporadora paulista Tecnisa comprou por R$ 135 milhões junto à Telefônica um dos maiores terrenos privados disponíveis no mercado paulista. Com uma área de 244 mil metros quadrados - o equivalente a mais de 30 campos de futebol como o do Estádio do Morumbi - o terreno localizado no bairro da Água Branca deve abrigar um grande conjunto residencial no modelo de condomínios-clube. A área, que pertencia à Telesp, foi incorporada pela Telefônica na privatização da estatal e vendida à vista. Telefônica e Tecnisa preferiram não se manifestar sobre a operação.

Esse foi o segundo negócio de grande porte envolvendo terrenos em São Paulo nas últimas duas semanas. Há pouco menos de 15 dias a Cyrela e a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário adquiriram a área de 12 mil metros quadrados pertencente à família Matarazzo na Avenida Paulista. As empresas pagaram R$ 125 milhões e devem erguer um complexo comercial de escritórios de alto padrão no local.

De acordo com estudos preliminares realizados pela própria Tecnisa durante as negociações, o terreno que pertencia a Telefônica tem um Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 2 bilhões. O VGV é a receita futura potencial de um empreendimento.

Prestes a abrir o capital na Bovespa, a aquisição feita pela Tecnisa faz parte da estratégia da empresa para seduzir os investidores. Desde que decidiu ir ao mercado financeiro a companhia procurava uma grande área para adquirir e mostrar que tinha um projeto de crescimento consistente. O terreno da Telefônica atende esse objetivo por uma série de razões.

Uma das principais é o fato de ele estar localizado em uma área de pouco desenvolvimento imobiliário e que, pelos planos da prefeitura de São Paulo, deve se transformar em um novo bairro. Desde 1995 uma Lei Municipal, a 11774/95, define os parâmetros de urbanização do local.

Conhecido como Operação Urbana Água Branca, o projeto prevê a criação de uma grande área urbana, predominantemente residencial, de cerca de um milhão de metros quadrados. O terreno adquirido pela Tecnisa é a maior área privada do futuro novo bairro que, aliás, foi batizado de Bairro Novo pela prefeitura da cidade de São Paulo.

Nos últimos 12 anos pouco foi feito no local. O único projeto desenvolvido ali foi o Centro Comercial Água Branca, um conjunto de quatro torres de escritórios realizado pela construtora Ricci. Desenvolvido no mesmo momento em que Berrini e Nova Faria Lima se expandiam, o empreendimento não fez o sucesso esperado.

Boa parte da área ainda pertence ao poder público. A prefeitura chegou a criar um prêmio para eleger o melhor projeto urbanístico para a região em 2004, em conjunto com o Instituto dos Arquitetos do Brasil. A Telefônica, por sua vez, tentava se desfazer do terreno há alguns anos.

A área que um dia pertenceu à Rede Ferroviária Federal, à Telesp e, por fim, à Telefonica, será o carro-chefe do projeto de crescimento da Tecnisa. O amplo terreno deve dar lugar a um grande conjunto residencial seguindo o modelo do que o mercado convencionou chamar de condomínio- clube. Ou seja, prédios de apartamentos construídos com grandes e variadas áreas de lazer.