Título: Tucano encerra discussão sobre kit anti-homofobia
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2012, Política, p. A14

A depender dos participantes da coordenação de campanha de José Serra, e do próprio candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, o debate sobre o kit anti-homofobia está encerrado. Nos bastidores, rechaçam que o assunto tenha vindo à tona por iniciativa de tucanos e lamentam que a polêmica possa grudar no candidato a pecha de conservador. Evita-se qualquer assunto que tangencie a questão.

Em visita ao bairro de Heliópolis, zonal sul da capital, Serra se negou a responder perguntas sobre como pretende diminuir os casos de ataques contra homossexuais na cidade. Um repórter que tentou levantar a questão sequer conseguiu terminar a pergunta. "Vamos adiante, vamos adiante. Não vou entrar nesse tema agora. Senão, vira pauta permanente imposta pela imprensa e os adversários dizem que fui eu que botei na pauta", disse Serra.

Ao falar de suas propostas para a região, Serra disse que se eleito poderá entregar 500 apartamentos já no próximo ano e 1.700 até o final da gestão. O local visitado abriga uma favela urbanizada conhecida como "redondinho", pelo formato dos prédios, projetados pelo arquiteto Ruy Ohtake. Governo do Estado e do município bancaram 80% dos custos da obra, enquanto a União entrou com 20%.

"Só neste conjunto chamado de "redondinho", foram feitos 390 apartamentos. Aqui em frente tem uma área do governo do Estado em cima da qual vamos estender esse conjunto, com a mesma arquitetura", prometeu Serra. "A parceria aqui, muito importante, é com o governo do Estado, que tem a CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano] e os terrenos, mas também com o governo federal, quando desejar participar", observou.

Vendido com alarde em propagandas televisivas e no próprio discurso do candidato, o projeto de reurbanizar 200 favelas em quatro anos foi limado da redação final do programa de governo tucano. Segundo Serra, por uma "questão de precisão". "Nem tudo o que está no programa de governo é tudo que propus. Foi uma redação... não tenho detalhes [do que aconteceu] no caso", respondeu.

O candidato do PSDB chamou seu adversário na sucessão paulistana, Fernando Haddad (PT), de "mentiroso" quando perguntado sobre uma suposta conversa, relatada pelo petista, que tiveram em 2008, quando o primeiro era governador de São Paulo e o segundo, ministro da Educação. Segundo Haddad, Serra teria trabalhado contra a aprovação da lei que criou um piso nacional do magistério. O petista garante que Serra inclusive ligou para ele para reclamar da lei aprovada no Congresso Nacional. Serra rebateu: "É mentira dele. Mentiroso. Ele ignora que o piso em São Paulo é muito mais alto que o piso nacional", observou.

Serra voltou a dizer que Haddad quer eliminar as organizações sociais (OSs) que gerenciam estabelecimentos de saúde na cidade. "Isso está na proposta dele. Seu coordenador de saúde [o vereador do PT Carlos Neder], que é até pré-anunciado como secretário defende isso. O PT, em uma representação assinada pelo José Dirceu, propõe tirar as organizações sociais da área da saúde do Brasil. O PT está batalhando no STF [Supremo Tribunal Federal] para que isso seja aprovado ", afirmou Serra.