Título: Fim da eleição, menos emprego
Autor: Branco, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 25/11/2010, Cidades, p. 44

Pesquisa do Dieese revela que o encerramento do pleito de outubro implicou redução de 8 mil vagas no mercado. Embora comércio e serviços tenham sido os setores mais afetados, a proximidade do Natal inicia um tempo de recuperação

A trajetória de alta no nível de emprego que vinha sendo mantida pelo Distrito Federal em 2010 foi interrompida em outubro com o fim do processo eleitoral. Dados da última Pesquisa do Emprego e Desemprego no DF (PED-DF), levantamento realizado periodicamente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontam uma pequena elevação na taxa de pessoas sem ocupação no último mês frente a setembro. O índice, em queda desde janeiro, foi de 13% para 13,1% no período.

Em números absolutos, foram suprimidas 8 mil vagas, sendo que os segmentos mais afetados foram comércio e serviços. O pleito de 2010 impactou a População Economicamente Ativa (PEA) do DF. Para os dois próximos meses, a expectativa é de que haja normalização e o cenário de crescimento seja retomado. A capital federal pode encerrar o ano com a taxa de desemprego próxima dos 12%, a menor desde o início da série histórica da PED, em 1992

¿Na verdade, houve equilíbrio na taxa de desemprego. Mesmo mais alta, ela ainda é o melhor resultado para outubro desde o início da série histórica. No período eleitoral, parte desse contingente (que ficou sem trabalho) prestava serviço em gráfica, telemarketing. O que chama a atenção é a avaliação macro, do desempenho nos últimos 12 meses¿, afirmou o secretário-adjunto de Trabalho do DF, Gustavo Brum. Ele destacou que, entre outubro de 2009 e o mesmo mês deste ano, houve saldo positivo de 39 mil pessoas na quantidade de ocupados no DF.

A coordenadora da PED-DF, Adalgiza Lara Amaral, chama a atenção para o fato de, no âmbito desse crescimento na ocupação, terem sido criadas 53 mil vagas com carteira assinada e ter caído em 27 mil pessoas a quantidade de autônomos existentes no DF. ¿Se a gente constata que as contratações formais cresceram e que a PEA ficou equilibrada, dá para dizer que esses autônomos estão migrando para o mercado formal¿, afirma. De acordo com o Dieese, mais de 90% dos trabalhadores por conta própria locais estão na informalidade, à margem de qualquer benefício do Estado.

Recuperação Apesar de o setor de serviços ter registrado supressão de 7 mil vagas em outubro na comparação com o mês anterior em razão do fim das eleições, o segmento teve o desempenho mais forte da PED na análise dos últimos 12 meses. Houve criação de 31 mil postos. Em segundo lugar, com a maior criação de ocupações, está a administração pública, com 18 mil contratações entre outubro de 2009 e outubro de 2010. O comércio reduziu a oferta de postos de trabalho nas comparações mensal e anual ¿ 7 mil e 6 mil a menos, respectivamente ¿, mas deve se recuperar nos próximos meses com as contratações temporárias de fim de ano, que já começaram. ¿Ainda não deu tempo de as vagas de fim de ano serem captadas pela pesquisa¿, explicou o secretário-adjunto Gustavo Brum.

As vendedoras Érica Cristina da Silva, 31 anos, e Tânia Ramos Ferreira, 19, devem figurar em estatísticas de uma eventual melhora do desempenho do emprego do comércio. Ambas foram contratadas no início de novembro por uma loja de presentes que acabou de abrir as portas em um shopping no Distrito Federal. Érica, que tem experiência como vendedora, estava há quatro meses sem trabalhar. Decidiu deixar a antiga loja por não estar satisfeita com as condições de trabalho. ¿Por ser estabelecimento de rua, era perigoso. Me sinto mais segura no shopping¿. Já Tânia desligou-se há cerca de um mês da lanchonete onde era atendente, porque o local fechou as portas. As duas estão satisfeitas com a empresa atual, unidade de uma franquia de Santa Catarina.

PEA diminui em outubro Em outubro, os pesquisadores do Dieese constataram que caiu em 7 mil pessoas o número de integrantes da População Economicamente Ativa (PEA) do DF. A PEA corresponde à quantidade de pessoas aptas a trabalhar, mas que não necessariamente estão batalhando por um lugar no mercado de trabalho. Os técnicos acreditam que, durante as eleições, grupos da população que normalmente não trabalhariam ¿ estudantes e donas de casa, por exemplo ¿ ocuparam-se em atividades como panfletagem e afins para obter renda extra. Com o fim do pleito, voltaram às suas atividades normais e a PEA diminuiu. Assim, pode-se concluir que apenas mil das 8 mil vagas suprimidas em outubro podem ser consideradas como causa de aumento no contingente de desempregados.

MEMÓRIA Oportunidades crescem 4,73%

Na terça-feira desta semana, o Correio Braziliense publicou matéria sobre o desempenho do emprego no Distrito Federal segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), banco de dados mantido pelo Ministério do Trabalho. O Caged, que trabalha somente com informações do mercado formal, apontou 26.723 admissões contra 23.860 desligamentos no DF em outubro. O saldo foi de 2,8 mil novas vagas, portanto. No acumulado do ano, a quantidade de postos de trabalho supera em 4,73% o total de vagas abertas no mesmo período de 2009.

PARA SABER MAIS Aumentam as ocupações

A média da taxa de desemprego nas sete regiões acompanhadas pelo Dieese ¿ Salvador, Fortaleza, DF, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo ¿ passou de 11,4%, em setembro, para 10,8%, em outubro, em consequência do aumento do nível de ocupação. Houve crescimento também no nível de rendimentos.