Título: Integração mais perto do "emergente" PSB
Autor: Rothenburg, Denise; Iunes, Ivan; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2010, Política, p. 4

TRANSIÇÃO Com quatro governadores no Nordeste, foco dos maiores investimentos do ministério, a legenda está próxima de tirar a pasta do PMDB A presidente eleita, Dilma Rousseff, está decidida a tirar a Integração Nacional da cota de ministérios do PMDB. E já encontrou até uma explicação política para a mudança: o partido perdeu quase todo o espaço de poder na Região Nordeste, onde o ministério tem mais ações e projetos ¿ inclusive um dos mais importantes, a transposição do Rio São Francisco, obra de R$ 4,5 bilhões, formatada nos tempos em que a pasta era conduzida por Ciro Gomes, do PSB.

Dos nove estados, o PMDB só governa o Maranhão, contemplado com o Ministério de Minas e Energia, para onde voltará o senador reeleito, Edison Lobão, do PMDB. Dois estados serão governados pela oposição: o Rio Grande do Norte elegeu Rosalba Ciarlini (DEM) e Alagoas reelegeu Teotônio Vilela Filho (PSDB). O PT tem dois governadores na região, Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE). O PSB tem quatro: Eduardo Campos (PE), Ricardo Coutinho (PB), Cid Gomes (CE) e Wilson Martins (PI). Nada mais justo, na visão do governo federal, que o ministério fique com os socialistas.

Na nova composição da Esplanada, o PSB teria duas pastas: a da Integração Nacional e uma segunda, que seria a de Portos ou a do Turismo. A primeira é da cota pessoal do presidente do partido, Eduardo Campos, e tem como favorito o atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, ex-prefeito de Petrolina. Ele acompanhou o governador pernambucano em audiências com Dilma e é considerado o principal nome do partido para o posto, caso ela confirme o convite na semana que vem. Nesse caso, o outro cargo do PSB, a Secretaria de Portos, teria como nome um representante da bancada socialista. Antigo líder do partido na Câmara dos Deputados, Márcio França é a escolha natural, por ser de São Vicente, cidade da Baixada Santista.

Um terceiro ministério a ser ocupado por quadros do PSB sairia da cota pessoal de Dilma para Ciro Gomes (PSB), como retribuição ao esforço feito pelo deputado federal durante o segundo turno da campanha presidencial. Se o próprio Ciro topar participar do ministério, ele poderia ser acomodado na Ciência e Tecnologia ou em um futuro Ministério de Portos e Aeroportos. A presidente cogita criar a pasta, que ficaria responsável por tocar as principais reformas nos terminais do país visando à Copa do Mundo de 2014. Acumularia, ainda, as atuais atribuições da Secretaria de Portos.

Caso Ciro decida não ir para a Esplanada, ele manteria a indicação de Pedro Brito para a Secretaria dos Portos e a bancada do PSB seria alojada em outro ministério. O problema da matemática política é o que fazer com o PMDB. O partido do vice-presidente eleito, Michel Temer, considerava da sua cota seis ministérios do governo Lula. Aceita perder um, o da Saúde, mas não dois, seja Comunicações ou Integração. O primeiro está na cota do Senado e era ocupado por Hélio Costa (PMDB-MG); o segundo, na cota dos deputados e esteve sob o controle de Geddel Vieira Lima (BA).

Variáveis Enquanto Dilma fecha a equação do PT, do PMDB e do PSB, considerado hoje a terceira força da base do futuro governo, alguns trabalhos mais fáceis já foram fechados. É o caso, por exemplo, do Ministério do Trabalho, onde está certa a manutenção do atual ministro, Carlos Lupi. Para o PCdoB, a presidente não esconde que prefere nomear uma mulher para o Esporte, no caso a deputada federal Manuela D¿Ávila (RS). Nesse modelo, a pasta deixaria de cuidar da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 ¿ que passariam para a Autoridade Pública Olímpica (APO), cargo a ser ocupado pelo atual ministro, Orlando Silva. Manuela ficaria nesse caso com as ações mais sociais da pasta.

LUTA PELOS TRANSPORTES Pasta com o maior orçamento em investimentos da Esplanada, de R$ 16 bilhões, o Ministério dos Transportes pode permanecer sob controle do atual ministro, Paulo Sérgio Passos. A presidente eleita, Dilma Rousseff, pretende manter o titular no posto e resiste à recondução do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que comandava o ministério até se desincompatibilizar do cargo para concorrer ao governo do Amazonas, em março. O PR faz pressão pela volta de Nascimento, mas prefere a permanência de Passos a perder o comando do Orçamento ¿polpudo¿. O ministério também é reivindicado pelo PMDB, como compensação pela perda de pastas importantes, como a da Integração Nacional e da Saúde.