Título: Campos queixa-se da falta de reciprocidade do PT
Autor: Serodio, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2012, Política, p. A8

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), queixou-se ontem da falta de apoio do PT ao seu partido durante as eleições municipais. Durante evento no Rio, Campos disse que o PSB é a legenda que mais apoiou o PT, mas as notícias que saem nos jornais só falam dos casos em que os dois estão em lados opostos.

O governador, que é presidente nacional do PSB, lembrou que neste segundo turno, o PT disputa a prefeitura de 21 cidades, em 11 delas com o apoio do seu partido. Já nas sete em que o PSB está na disputa, o PT só apoia em uma, Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio. "E este apoio só veio por uma ação direta da executiva nacional e do próprio presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva. Isto é que é o fato real", queixou-se.

Campos, no entanto, não nega a proximidade com o PSDB. O governador disse ter recebido ontem uma ligação do senador Aécio Neves (PSDB) em que o político mineiro falou que colocou o número 40 (do PSB) mais vezes na camisa durante as eleições municipais do que o próprio 45, número do PSDB.

"Recebemos o apoio do PSDB em Uberaba e Campinas e somos gratos por este apoio, que é importante para consolidar estas vitórias e, com certeza, para que se possa governar também, fazer junto acontecer o programa de governo que defendemos nessas candidaturas", afirmou. Explicou que a parceria com o PSDB é de longo prazo e não foi feita em função da próxima eleição.

O governador mostrou-se ainda preocupado com a agenda política do Congresso e disse que é preciso "deseleitoralizar o debate político no Brasil". "Precisamos viver o domingo, mas existe uma agenda que vai além das eleições e deve unir o Brasil independente de quem é governo e quem não é", afirmou.

Ele lembrou que o país precisa voltar a crescer: "Apesar das medidas adotadas com muita coragem pela presidente Dilma temos segundo ano de baixo crescimento". E citou algumas das pautas prioritárias do Congresso, como a medida provisória para a redução do preço da energia, que tem 400 emendas na casa: "Se ficarmos discutindo 2014 a energia vai ficar cara e tirar a competitividade da indústria".

Campos ainda afirmou não ter a intenção de isolar os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, no debate acerca da redistribuição dos royalties do petróleo. E disse que é a União que precisa abrir mão de parte dessa receita. "O governo não tem a boa vontade esperada, mas tem alguma boa vontade para que Estados e municípios tenham parte dos royalties para investir em educação e ciência e tecnologia", arrematou.