Título: Lista de ministros garantidos tem cinco petistas
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 23/02/2007, Política, p. A13

Integrantes do governo davam como certa, ontem, a permanência dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Marinho (Trabalho), no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na companhia desses ministros, considerados 'consolidados', assessores do presidente incluíam, desde ontem, Fernando Haddad, ministro da Educação.

Com a permanência de Haddad na Educação, o destino de Marta Suplicy seria mesmo o que ela sempre quis, o Ministério das Cidades, de onde se deslocaria o ministro Márcio Fortes, do PP, para o Ministério da Agricultura.

Lula havia prometido manter o PP na Pasta em reunião com integrantes do partido, mas auxiliares do presidente lembram que a garantia era mesmo para a permanência do PP na equipe, em um Ministério importante. Com a imposição do PT de ter Marta na Esplanada, o Planalto já revê a situação de Márcio Fortes.

O PP terá um ministro, a mesma cota do primeiro mandato, recebendo, assim, o mesmo tratamento dado aos demais partidos médios. Nas contas do Planalto, só têm cacife para ocupar mais de uma Pasta os partidos considerados grandes dentro da base: PT e PMDB. Os demais terão um. Excepcionalmente, ficarão com dois. O PSB, com esse critério, não conseguiria ter Ciência e Tecnologia e Integração Nacional, como pretende, mas ontem o presidente deu esperanças ao partido de que pode ficar com dois.

O mesmo vale para o PDT, que deverá ocupar o Ministério da Previdência. O partido havia manifestado interesse de ter a Pasta, mas dava como alternativas Trabalho e Educação. Com a consolidação dos nomes de Marinho e Haddad, sobraria a Pasta hoje dirigida por Nelson Machado. A interlocutores, Lula tem feito diversos elogios a Machado, mas considera seriamente a idéia de transferi-lo para a secretaria-executiva da Previdência, de forma a acomodar o PDT. Resta saber se Machado aceitará o rebaixamento.

Sobre o PMDB, não há garantias ainda, segundo auxiliares do presidente, de que os governistas da Câmara serão contemplados com dois ministérios, como gostariam. Os cálculos dos pemedebistas consideram quatro Pastas. Manteriam as duas ligadas ao Senado e receberiam mais duas, a serem ocupadas por indicações da Câmara.

Lula ainda não está convencido desta equação, e vai esperar a convenção do partido. E Lula mantém também a idéia de nomear José Gomes Temporão para a Saúde. O funcionário de carreira do ministério é filiado ao PMDB e é indicação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). O problema é a bancada da Câmara aceitá-lo como seu representante.

Para ocupar a vaga de Tarso Genro na coordenação política - o ministro deverá assumir a Justiça - os dois nomes fortes continuam sendo os de Walfrido dos Mares Guia (PTB), hoje ministro do Turismo, e Jorge Viana (PT), ex-governador do Acre. A possibilidade de Walfrido acumular as duas Pastas foi considerada totalmente fora de cogitação por um auxiliar próximo de Lula. "O presidente está com tanta dificuldade em acomodar os partidos que queimar dois postos com apenas um nome seria fora de propósito", disse o interlocutor.

O sucessor de Genro terá que administrar uma coalizão de partidos já relativamente consolidada com a reforma ministerial, e tentar uma convivência política com a oposição. Caberá ao novo ministro, com a ajuda dos aliados, aprovar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e azeitar a relação dos partidos da base, trincada com a eleição para a presidência da Câmara.

Na Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi não continuará no cargo. Os nomes mais cotados para substituí-lo são os do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh e do deputado estadual Renato Simões (PT-SP). O nome do secretário especial de Lula, Gilberto Carvalho, tem sido mencionado com menores possibilidades.

Para todos os cargos, Lula tem avisado abertamente que quer pessoas sem projeto de disputar cargos nas eleições de 2008. O recado é direto para a ex-prefeita Marta Suplicy, mas tem sido pré-requisito para todas as configurações de ministério do presidente.