Título: Laboratório japonês investirá R$ 25 mi para dobrar vendas
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 23/02/2007, Empresas, p. B6

Quinze meses depois da fusão, que resultou na criação da segunda maior farmacêutica do Japão, a Daiichi-Sankyo começa a delinear seu plano de investimento para o Brasil.

A companhia japonesa planeja investir R$ 25 milhões para dobrar sua capacidade de produção em São Paulo, hoje responsável por 100 milhões de unidades de medicamentos. A nova capacidade da fábrica, que já produz comprimidos e pomadas, deve ficar pronta em meados de 2008.

A intenção da companhia é lançar um medicamento por ano. Nesta nova fase, a primeira droga que chegará no Brasil é o Prasugrel, uma medicamento para desobstruções cardiovasculares. O plano, previsto para os próximos cinco anos, engloba também o aumento de 10% no quadro de pessoal no país, formado hoje por 225 pessoas.

"Estamos apostando no que chamo de 'Bics', países como Brasil, Índia e China", disse o diretor da divisão de negócios internacionais da Daiichi-Sankyo, Toshiyuki Sato, que esteve em visita recente ao país. "A empresa já atua na China e começou em fevereiro na Índia. Estamos confiantes nas oportunidades que o Brasil traz", completou o executivo.

As companhias farmacêuticas japonesas são consideradas muito mais conservadoras do que as rivais européias e até americanas em suas investidas fora da sua região. O motivo é que o Japão é o segundo maior mercado do mundo, atrás apenas do americano, o que costuma trazer bons retornos aos laboratórios daquele país, segundo especialistas.

A Daiichi-Sankyo é o único fabricante japonês com fábrica no Brasil. As operações fabris da companhia concentram-se apenas no Japão e na Alemanha.

Há exatos dez anos, a Sankyo comprou mundialmente a alemã Luitpold que tinha fábrica em Alphaville, em Barueri (SP). Dos negócios oriundos do laboratório alemão, vieram produtos como a pomada contra inflamação e vermelhidão da pele Hirudoid, até então carro chefe da empresa no Brasil. Hoje, o remédio mais vendido é o Benicar, um antihipertensivo. A empresa fatura cerca de US$ 30 milhões, o dobro do que em 2002.

A farmacêutica começou sua integração dos ativos da Sankyo e Daiichi nos mercados mais maduros onde atua, como os Estados Unidos, Europa e Ásia. A farmacêutica, cujo faturamento de US$ 8,2 bilhões só fica atrás da líder no Japão Takeda, transformou-se com a fusão uma das dez maiores do segmento de cardiologia.

"A empresa é responsável pela descoberta da primeira molécula das estatinas no anos 70, que formam parte de uma das categorias de medicamentos mais vendidas no mundo", disse o presidente da Daiichi-Sankyo do Brasil, Martin Nelzow, executivo que assumiu cinco anos atrás com o objetivo de traçar o rumo do laboratório na região.

Por ano, as estatinas, usadas no combate do colesterol, movimentam cerca de US$ 30 bilhões em vendas. O atual campeão de vendas no mundo, o Lipitor, da americana Pfizer, fatura mais de US$ 10 bilhões por ano.