Título: Haddad critica plano tucano para violência nas escolas
Autor: Taquari, Fernando; Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2012, Política, p. A9

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, criticou ontem a proposta apresentada pelo adversário José Serra (PSDB) para reduzir a violência nas escolas do município. Segundo o petista, a ideia do tucano de formar uma parceria com a Fundação Casa para identificar jovens com propensão ao crime pode esbarrar no preconceito.

"O que significa monitorar jovens propensos ao crime? Me parece perigosa a proposta. Cabe a pergunta. É para rico ou pobre esse monitoramento? Só na periferia ou vai entrar nas escolas particulares? Ele também vai levar a Febem para as escolas particulares?", questionou Haddad, antes de participar de um minicomício na zona norte da capital.

O petista classificou a proposta como "descabida". Afirmou que o adversário deve explicar melhor a ideia ou recuar, já que há dúvidas quanto à viabilidade. A questão sobre "pobre e rico" já foi motivo de discussões entre os dois candidatos no debate da TV Bandeirantes, na semana passada.

Haddad voltou a se defender dos ataques de Serra ao dizer que vai manter os contratos já firmados com as organizações sociais (OSs) da saúde. "No caso dos novos hospitais, que estou prometendo construir, vou manter sob regime público", declarou. Serra tem dito que o rival, se eleito, vai acabar com a parceria entre a prefeitura e as OSs. Apesar de dizer que vai manter os contratos assinados, Haddad declarou que falta transparência na gestão dos repasses.

O candidato do PT ainda acusou o tucano de silenciar sobre a lei estadual que prevê a venda dos leitos públicos. O projeto foi aprovado na Assembleia Legislativa, mas sua aplicação foi suspensa por ordem judicial. Segundo Haddad, se levada adiante a proposta implica a perda de quase 800 leitos. "Meu adversário não responde se é contra ou a favor da lei estadual", disse o petista.

No programa de TV, Haddad negou que vá acabar com as parcerias e organizações sociais (OSs) na saúde, e afirmou que o adversário usa o tema para "desviar a atenção" da tentativa de "privatização" de 25% dos leitos de hospitais públicos para uso de convênios particulares. "Com isso, os tucanos, que não construíram os três hospitais que prometeram, ainda querem tomar 800 leitos dos pobres. É um absurdo", afirmou o petista.

O programa de Haddad destacou que o petista fará parcerias tanto com a iniciativa privada, quanto com os governos estadual, governado pelo PSDB, e com o federal. "Podem reparar. Meu adversário não fala de parcerias do governo federal", disse. "O que você prefere: um prefeito aliado ou inimigo do governo federal?", questionou. Haddad listou programas federais que não foram adotados pelo município, como a construção de 172 creches e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). "Vou fazer todas as parcerias necessárias com o governo estadual", afirmou.

À noite, em evento que reuniu cerca de 1,2 mil pessoas ligadas ao setor de saúde e teve a presença do ministro Alexandre Padilha, Haddad pediu a militantes que mantenham o pé no chão até a votação no domingo. O petista disse que a vitória ainda não está garantida, sobretudo diante do "terrorismo" promovido pela campanha de Serra.