Título: Para Mantega, reserva é "vacina" contra crise
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2007, Finanças, p. C3

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem a manutenção de reservas elevadas, o que serve de "vacina" contra as turbulências financeiras internacionais. Ele afirmou que as vantagens de o país ter mais de US$ 100 bilhões em reservas são maiores que os custos e que um evento como a recente queda da bolsa de Xangai, nesse cenário protegido, "até melhora o câmbio". Segundo Mantega, se o Brasil não tivesse essas reservas, essa "turbulenciazinha na China teria nos derrubado".

Nessa visão, US$ 100 bilhões de reservas podem parecer muito se comparado ao que o país teve no passado. Mas se comparadas às dos outros países emergentes, podem crescer ainda mais.

Sobre a polêmica do custo de manter reservas elevadas, Mantega disse que "a conta um pouco salgada" também traz benefícios e essa segurança "vale ouro". O principal deles, segundo o ministro, é o acesso a financiamentos internacionais com juros menores. "Com reservas mais altas, o Brasil está vacinado contra turbulências", comentou.

Um dias depois da forte queda de 8,8% na bolsa de Xangai, o ministro disse que essa turbulência provocou abalo pequeno, algo como "1,5 na escala Richter" que mede a destruição nos terremotos. Mas, na sua opinião, o Brasil não terá grandes problemas. Na pior das hipóteses, o país teria alguma redução no superávit comercial e algumas commodities perderiam preço. O importante, para Mantega, é que a economia brasileira está crescendo amparada pelo aumento do mercado interno. "Como garantia, o país tem US$ 100 bilhões nas reservas e um superávit comercial que estimam ser de US$ 50 bilhões para 2007", justificou.

"A turbulência já está se dissipando. Claro que temos de estar alertas, mas a economia brasileira está muito sólida para enfrentar qualquer problema externo. Com US$ 100 bilhões nas reservas, com perspectiva de superávit comercial elevado, o máximo que poderia acontecer, se a turbulência persistisse, seria alguma desvalorização de commodities ou diminuição do superávit comercial." Para Mantega, a economia brasileira "funciona bem" com um superávit comercial acima de US$ 30 bilhões. Em 2006, a balança comercial encerrou o ano com saldo de US$ 45 bilhões e há previsões de um resultado de US$ 50 bilhões em 2007.