Título: Randon estuda fábrica na Índia
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2007, Empresas, p. B8

Depois de apurar lucro e receita líquida consolidada recordes em 2006, o grupo Randon, que opera nos segmentos de implementos rodoviários e ferroviários, veículos especiais e autopeças, começa a imprimir maior velocidade na estratégia de internacionalização. A empresa está estudando o início da montagem de reboques e semi-reboques rodoviários na Índia, o que pode resultar na formação da primeira joint venture fora do país no prazo de um a dois anos, disse o vice-presidente do conselho de administração, David Randon.

Uma alternativa à associação com um fabricante local, conforme o empresário, é estender para a Ásia o modelo já adotado na África, onde parceiros locais montam e distribuem os implementos enviados desmontados de Caxias do Sul (RS), onde fica a sede do grupo. O sistema é empregado na Argélia, no Quênia e no Marrocos e será estendido ainda este ano à África do Sul e até o início de 2008 aos Emirados Árabes, no Oriente Médio.

A Randon também cogitava a China como caminho para o mercado asiático de implementos rodoviários, mas a avaliação foi de que a Índia tem ordenamento jurídico e leis de propriedade industriais mais estáveis. Conforme o vice-presidente, que esteve na Índia em 2006 visitando possíveis parceiros e a fabricante de caminhões Tata Motors, o mercado local de reboques e semi-reboques é menor do que o chinês (14 mil unidades anuais contra quase 100 mil), mas tem potencial de crescimento.

"Se quisermos fazer parte do mercado asiático teremos que, de alguma forma, estar instalados por lá", reforçou o diretor corporativo e de relações com investidores do grupo, Astor Schmitt, sem descartar completamente a China. O país é sede de um dos maiores clientes externos de eixos e freios das controladas Suspensys e Master (a montadora CIMC), e origem de boa parte das importações de insumos e componentes da Randon, que no total cresceram de US$ 48 milhões em 2005 para US$ 60 milhões em 2006 em função da desvalorização do dólar.

Os planos para o reforço da atuação global do grupo, que tem ainda uma unidade industrial própria na Argentina e outras sete empresas no Brasil além da controladora Randon Implementos, acompanham a melhoria dos indicadores de desempenho do conglomerado. No ano passado, a receita bruta total, sem eliminação de impostos e das vendas entre coligadas, cresceu 1,7%, para R$ 2,89 bilhões e deve alcançar R$ 3,1 bilhões em 2007, afirmou David.

Só na linha de reboques e semi-reboques, a produção de todo o primeiro trimestre de 2007 já estava contratada no fim de 2006, puxada pelo crescimento do setor de transporte de cana e pela recuperação no segmento de grãos. No setor de autopeças, este ano também começou melhor do que o passado, disse o vice-presidente executivo da Randon Implementos, Alexandre Randon. Em janeiro, a receita líquida consolidada já cresceu 12% sobre o mesmo mês de 2006, para R$ 168,8 milhões.

Já a receita líquida consolidada subiu 4,4% em 2006, para R$ 2,021 bilhões, enquanto o lucro líquido avançou 12,6%, para R$ 133,4 milhões. A controladora teve a maior receita líquida consolidada, de R$ 901,4 milhões, e contribuiu com 45% do lucro do grupo. Em seguida veio a controlada Fras-le, fabricante de materiais de fricção, que apurou vendas líquidas consolidadas de R$ 377,3 milhões e resultado de R$ 40,8 milhões. Deste valor a Randon consolida 45%.

Segundo Alexandre Randon, as exportações cresceram 21,2% em 2006, para US$ 206,9 milhões, e aumentaram a participação sobre a receita líquida consolidada de 21,3% para 22,2%. Os embarques devem alcançar US$ 230 milhões este ano e US$ 300 milhões, em 2009. Em 2007, os investimentos subirão para R$ 260 milhões, devido a aportes em novas linhas de pintura e à construção da fundição, que deverá operar em 2008.