Título: EUA revisam de 3,5% para 2,2% o crescimento do PIB
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Fonte: Valor Econômico, 01/03/2007, Internacional, p. A17

A economia dos EUA no quarto trimestre cresceu bem menos do que calculado anteriormente pelo governo, ficando em 2,2%, ante os originais 3,5%. Foi uma das mais drásticas revisões em anos. A principal razão para esse rebaixamento foi o fato de empresas terem contido seus gastos num momento em que os setores residencial e de automóveis se deparam com altos estoques.

No ano passado, a economia dos EUA registrou expansão de 3,3%, ante 3,2% de 2005.

A queda subtraiu 1,35 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro do 0,7 ponto percentual estimado antes, segundo anunciou ontem o Departamento de Comércio dos EUA em Washington.

O relatório do governo também mostrou uma redução no núcleo do índice de inflação ao consumidor, que subiu no quarto trimestre a uma taxa anualizada de 1,9%, menos do que os projetados 2,1% e do que os 2,2 do trimestre anterior.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Ben Bernanke, minimizou a importância desses dados, dizendo que a correção do crescimento se harmoniza com suas estimativas. Ele prevê uma recuperação para período posterior deste ano. Suas observações ajudaram a elevar as cotações das ações, que sofreram ontem sua maior derrocada dos últimos quatro anos.

Para Drew Matus, economista do Lehman Brothers, "os números sugerem que a economia está caminhando conforme o Fed projetava, com o mercado residencial causando um pouco mais de preocupação".

Os dados mostram, de fato, um comportamento mais coerente de crescimento mais lento durante os últimos nove meses de 2006, diante da retração do mercado de imóveis residenciais (leia abaixo), que foi seguida pela queda da produção industrial.

As reduções da produção e a queda do número de pedidos em janeiro sugerem que as empresas ainda estão às voltas com estoques excedentes e confirmam a previsão do Fed de que a expansão do país seguirá um ritmo moderado.

"Há um excesso de estoques e as empresas ainda estão se esforçando para esvaziar as prateleiras", disse Brian Bethune, economista da Global Insight. "Esse fator vai se prolongar durante este trimestre. As empresas deverão começar a superá-lo no segundo trimestre e é por isso que prevemos que o crescimento vai ganhar impulso até o final deste ano."

Embora o desempenho do quarto trimestre tenha ficado um pouco acima dos medíocres 2% do trimestre anterior, ele não muda a visão geral de que a atividade econômica em todo o segundo semestre foi afetada pela queda no setor residencial e automobilístico.

O novo resultado significa que a economia em todo o ano de 2006 cresceu 3,3%, pouco menos que os 3,4% estimados inicialmente. Apesar da queda, o resultado anual da economia ainda é o melhor em dois anos.

Os economistas previam que o crescimento do quarto trimestre seria de 2,3%, segundo a mediana de 76 de suas estimativas captadas pela Bloomberg News. O relatório é o segundo sobre o PIB divulgado neste trimestre e será novamente corrigido em março.