Título: Fecomercio pede corte de IPI e prazo maior para pagar dívida
Autor: De Lorenzo, Francine
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2012, Brasil, p. A3

Para incentivar os investimentos no Brasil, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) sugere que o governo reduza em 20% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para todos os setores e amplie em até 60 dias, ao longo de seis meses, o prazo para pagamento de tributos. A proposta foi apresentada ontem em seminário organizado pela instituição em São Paulo, contando com a presença do ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, que também é conselheiro da Fecomercio-SP.

De acordo com Antonio Lanzana, conselheiro da Fecomercio-SP, a ampliação do prazo de pagamento permitirá às empresas manter capital de giro em caixa, podendo utilizar esses recursos em investimentos e contratações.

"O alongamento dos prazos promoveria uma folga de R$ 90 bilhões para as empresas ao término de seis meses", afirmou Lanzana. "Isso não é uma medida de renúncia, é apenas um alongamento de prazo."

Pelos cálculos da Fecomercio-SP, com a redução da taxa básica de juros (Selic) de 12% ao ano em agosto de 2011 para os atuais 7,25% ao ano, a União diminuiu seus gastos com juros em R$ 37 bilhões. Essa economia, de acordo com a entidade, abre espaço para uma maior alocação de recursos com o setor privado. "Nosso medo é que essa economia com juros evapore ao longo dos anos. Queremos colocar isso nas mãos das empresas, para elas investirem", disse o assessor econômico da Fecomercio-SP, Fabio Pina.

A redução de 20% no IPI para todos os setores, por sua vez, representaria uma renúncia fiscal de R$ 9 bilhões, segundo cálculos da Fecomercio-SP.

Essas medidas, destacou Delfim Netto, beneficiariam principalmente as pequenas e médias empresas fechadas, que segundo ele, representam mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. "Para essas empresas, a taxa de juros no Brasil ainda é de 40% ao ano, e isso é um impedimento aos investimentos", argumentou. "Algumas empresas não recolhem impostos por legítima defesa. Se recolherem, quebram."

Para Delfim, essas empresas precisam de um estímulo direto, no qual o pequeno empresário não tenha que depender dos bancos. "A única forma de fazer isso é alongando os prazos. Quando se deixa um pouco de dinheiro em caixa, a primeira atitude da empresa é investir, comprando mais uma máquina ou contratando mais um funcionário." Essa proposta, segundo Lanzana, será transformada em projeto de lei.