Título: País deve produzir menos petróleo que previsto, diz AIE
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Fonte: Valor Econômico, 08/02/2007, Brasil, p. A2

O Brasil deverá produzir menos petróleo do que o previsto em 2011 por causa de atraso em alguns projetos, de acordo com novas projeções da Agência Internacional de Energia (AIE). Apesar da revisão, a agência destaca que o Brasil será um dos países que mais aumentará a produção de petróleo e de biocombustível entre os não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nos próximos cinco anos.

Em seu "Medium Term Oil Market Report", a AIE estima que a produção no Brasil, México, Canadá, Mar do Norte, Rússia e Sudão será inferior entre 100 mil e 300 mil barris diários, em cada um, em 2011, em relação à previsão anterior. Esse ajuste é atribuído a uma combinação de fatores: interrupção não prevista, aperto na capacidade de perfuração, atraso na exploração de novos campos, incerteza na regulação ambiental etc.

No caso do Brasil, a produção de petróleo, gás líquido e etanol é estimada agora em 3,28 milhões de barris diários dentro de cinco anos, representando 150 mil barris a menos do que a agência calculava a em julho passado, segundo o economista David Fyfe, autor desse capítulo no relatório. A agência atribui a revisão a atrasos em "vários projetos de águas profundas no Brasil".

Em dezembro do ano passado, a AIE já tinha reduzido ligeiramente a estimativa de produção de petróleo no Brasil em 2007. Calculava que a produção aumentaria 200 mil barris por dia, representando corte de 30 mil barris/dia em relação à estimativa inicial, por causa de atrasos em novos campos de Piranema, Golfino e Roncador.

O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, contestou essa cifra em Davos, à margem do Fórum Mundial de Economia. Para ele, a produção adicional este ano pode ser o dobro do que a AIE prevê.

Em seu relatório divulgado ontem, a AIE calcula que entre não membros da OPEP, 27 novos projetos deram para trás ou foram excluídos de suas projeções em decorrência de atrasos que variam de dois meses a dois anos. Além dos brasileiros, os mais importantes em termos de volumes são os de Kashagan, no Cazaquistão, Azadegan, no Irã, Buzzard, no Reino Unido, Thunder Horse e Atlantis, no Golfo do México, Sakhalin 1 e 2, na Rússia, e projetos de expansão na Noruega.

Segundo a agência, essa queda é só parcialmente compensada por uma dúzia de projetos que foram incluídos nas projeções ou que entraram mais rapidamente em operação. Entre eles estão os projetos BC-10 e Espadarte, no Brasil.

Em todo caso, a agência aponta o Brasil como o país que registrará o maior aumento de produção entre os não membros da Opep. Pelas projeções, o país vai adicionar, entre 2006 e 2011, 1,2 milhão de barris diários à sua produção - um incremento de 56%. Vêm em seguida a Rússia, Angola, Canadá e EUA combinados. Em contrapartida, no México e Reino Unido a produção conjunta deve cair 1,5 milhão de barris/dia em função de problemas orçamentários, atrasos de perfuração e declínio em alguns campos.

A demanda de petróleo entre 2006-20011 também diminui, em parte por causa dos altos preços, mas a AIE espera crescimento "robusto" de 2% ao ano, devendo alcançar 93,3 milhões de barris diários em 2011. (AM)