Título: Pemedebistas traem orientação em Campinas
Autor: Manzoni, Leandro
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2012, Política, p. A8

O candidato do PT à Prefeitura de Campinas, interior de São Paulo, o economista Marcio Pochmann, recebeu o apoio formal do PMDB e PDT no segundo turno, partidos que fazem parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff no governo federal. As Executivas Nacionais dos dois partidos orientaram seus diretórios municipais a apoiar o candidato do PT. No entanto, alguns membros dos dois partidos não estão seguindo a orientação e estão declarando o voto no adversário do petista, o deputado federal Jonas Donizette (PSB).

No PMDB, as dissidências ocorrem na ala que era liderada pelo ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, morto em 2010 e que foi prefeito da cidade nos anos 70. No PDT, o atual prefeito e terceiro colocado no primeiro turno, Pedro Serafim, fechou a aliança no município com o PT, mas o vice-prefeito, Francisco Soares de Souza, declarou o voto em Donizette.

O argumento dos dissidentes é que eles não podem apoiar um candidato que não viveu o dia-a-dia na cidade nos últimos anos, pois Pochmann, que nasceu no Rio Grande do Sul, foi secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo no governo de Marta Suplicy (2001-2004) e presidente do Ipea de 2007 a 2012.

Para o professor de Ciência Política da Unicamp, Valeriano Costa, o argumento não se sustenta pois Pochmann é professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), fixando residência em Campinas, onde constituiu sua família, há mais de 20 anos. Costa afirma que as dissidências ocorrem por causa de uma combinação de circunstâncias locais com o posicionamento dos seus partidos em relação à aliança com os governos federal e estadual em vistas às eleições legislativas em 2014. Embora o PMDB e PDT fazem parte da base aliada do governo federal, no Estado de São Paulo os dois partidos têm uma maior aproximação com o PSDB do governador Geraldo Alckmin, um dos principais cabos eleitorais de Donizette.

Para o diretor da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, Pedro Rocha Lemos, as dissidências ocorrem mais por fisiologismo do que a associação com as máquinas públicas federal e estadual. Por ser o líder da última pesquisa Ibope com 45% das intenções de voto, Donizette recebe o apoio de alguns políticos do PMDB e do PDT que visam a participar de um cargo na Prefeitura em seu eventual governo. Pochmann aparece com 37% dos votos. Nos votos válidos, Donizette tem 55%, enquanto o petista aparece com 45%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais.