Título: Em Vitória, boatos alteram disputa no 2º turno
Autor: Serodio, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2012, Política, p. A9

Acusações pessoais provocaram uma reviravolta na disputa eleitoral em Vitória. Na capital capixaba, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que governou a cidade entre 98 e 2004, era o favorito à prefeitura e poderia ganhar no primeiro turno, como indicou o Ibope. Mas o favoritismo do ex-prefeito fez de sua candidatura o grande alvo dos outros candidatos. Alvo de boatos que o acusaram de ser viciado em cocaína, Vellozo Lucas perdeu força nas últimas semanas antes do primeiro turno e foi ultrapassado por Luciano Rezende, do PPS.

No primeiro turno, Rezende obteve 39,14% dos votos válidos (73.757 votos), e Vellozo Lucas 36,69% (69.143 votos). Iriny Lopes (PT), sucessora do prefeito João Carlos Coser, terminou na terceira posição com 18.41% (34.689 votos).

Com base política nas áreas ricas da cidade, Rezende, médico pós graduado, ganhou votos junto ao eleitorado mais pobre ao conquistar o apoio do senador Magno Malta (PR). Foi Malta quem indicou seu vice, Waguinho Ito, também do PR.

Para Vellozo Lucas, é Malta o responsável pelos ataques. "Ele usava sua entrada no eleitorado evangélico para fazer isso", afirma. "Mas sujeira começou no primeiro turno com um candidato laranja", diz sobre o pastor Edson Ribeiro (PSDC). No programa programa eleitoral, Ribeiro afirmava haver candidatos que "sobem o morro para cheirar cocaína", em um ataque ao tucano.

A distância entre Rezende e Vellozo Lucas chegou a 16 pontos percentuais nas últimas semanas. Mas vem caindo. A última pesquisa do instituto Futuro, divulgada na quarta, aponta Rezende com 49,8% dos votos e Vellozo Lucas com 38,5%.

"Vitória é a única capital com dois candidatos de oposição ao governo municipal, estadual e federal. [Nesta disputa] não é no plano das ideias que os candidatos se diferenciam, é no plano moral", diz o cientista político João Gualberto, diretor dom instituto Futuro, para quem o debate eleitoral perdeu qualidade. "Não se discute modelo de gestão ou projeto".

O contra-ataque do tucano ajudou a reduzir o tom da disputa. Seu programa eleitoral critica o apoio que seu adversário recebe do PP, do ex-deputado estadual Nilton Baiano, enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Mas a "operação resgate" como foi chamada a tentativa de combater os boatos pode ter demorado a chegar. "Há uma virada em curso, mas se vai ser suficiente para ganhar ou não, vamos ver no domingo", admite Vellozo Lucas.