Título: Oferta de energia é confortável e capaz de evitar blecaute, diz ONS
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2005, Primeiro Caderno, p. A1

A interrupção do fornecimento de energia no Rio de Janeiro e Espírito Santo no primeiro dia do ano não sinaliza qualquer risco para o sistema elétrico brasileiro. Foi isso que garantiram ontem o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Mário Santos; o presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau; e o presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues. "O país está muito bem no que se refere ao suprimento de energia elétrica. Aliás, o país nunca teve, estruturalmente, uma situação tão boa", disse ontem Mário Santos, ressaltando que a situação é confortável tanto do ponto de vista da expansão da geração quanto da transmissão. O presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues, também negou que o blecaute de sábado tenha sido causado por falta de investimentos, como sugeriram ao Valor o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), e o físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás. "Furnas investiu R$ 987 milhões no ano passado, sendo R$ 500 milhões em operação e manutenção; nos últimos anos, o investimento médio ficou na casa de R$ 1 bilhão", disse Rodrigues, acrescentando que o acidente de sábado não ocorreu por falta de investimento. "O que aconteceu foi uma conjugação de erros humanos e técnicos com grau zero de possibilidade de se repetir", frisou o presidente de Furnas. Concorda com essa posição Silas Rondeau, da Eletrobrás, para quem não há motivo para alarde. "A situação está absolutamente sob controle. E nenhum investimento necessário para garantir a segurança do sistema deixará de ser feito", garantiu Rondeau. Segundo ele, está havendo uma "confusão" entre desligamento do fornecimento e apagão, esta, sim, uma situação fora de controle. Mesmo tendo apontado a necessidade de investimentos da ordem de R$ 6,2 bilhões em linhas de transmissão e subestações no Plano de Ampliações de Reforços na Rede Básica divulgado em julho de 2004 - que cobre o triênio 2005-2007 - o presidente do ONS frisou que esse volume é indicativo, já que foi calculado com base nos custos de obras da Eletrobrás em 2002. Mário Santos frisou ainda que das 42 obras estruturais apontadas no relatório e que precisam ser feitas para cortes no fornecimento e para segurança do sistema, a maioria está em andamento, algumas em regime de urgência, em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou concessões sem licitação e em caráter emergencial, por determinação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A avaliação dos dois presidentes de estatais e de Mário Santos é compartilhada pelo consultor Altino Ventura Filho, ex-secretário executivo do Comitê de Planejamento dos Sistemas Elétricos, ex-diretor técnico executivo de Itaipu e que também presidiu a Eletrobrás. "O blecaute de sábado foi um acidente técnico. Houve uma falha humana, que não deixa de ser técnica", disse. Altino Ventura lembrou ainda que durante e depois do racionamento de 2001/2002, foram feitas interligações importantes entre as regiões do país, o que reforçou o sistema e aumentou sua confiabilidade. "Risco de acidentes sempre vão existir em um sistema elétrico com dimensões continentais, como o do Brasil. Mas não há risco de apagões. Não há por que os consumidores ficarem intranqüilos", acrescentou.