Título: Senadores do PMDB fecham cota no governo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/02/2007, Política, p. A10

O PMDB do Senado considera-se atendido em relação ao novo ministério, restando à Câmara resolver com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a participação dos deputados no novo governo. Na prática, isso significa que o antigo grupo governista, especialmente o presidente do Senado, Renan Calheiros, deixa os "neolulistas" do partido se entenderem com o PT, com o qual fizeram aliança para a eleição do deputado Arlindo Chinaglia (SP) na eleição para a presidência da Câmara, o que enfraquece a posição dos deputados.

Os senadores do PMDB se consideram atendidos com a reeleição de Renan, a manutenção dos ministros Hélio Costa (Comunicações) e Silas Rondeau (Minas e Energia), a confirmação de Romero Jucá (RR) como líder do governo no Senado e a indicação de Roseana Sarney (MA) para líder do governo no Congresso, função que também é cobiçada pelo PT.

A bancada, cujo novo líder é o senador Valdir Raupp (RO), avalizou as indicações, mas falta bater o martelo com Lula. Renan Calheiros tem uma conversa prevista com o presidente para ainda esta semana.

O PMDB governista já avaliou com Lula inclusive adiar a escolha dos ministros dos partidos para depois que os pemedebistas acertarem seu novo comando partidário, o que é previsto para o fim de março. Trata-se de uma tentativa de enfraquecer o atual presidente da sigla, Michel Temer (SP), que ganhou força ao assegurar o apoio dos "neolulistas" à candidatura de Chinaglia, mas que dificilmente será ministro de Lula - o presidente desconfia da lealdade do pemedebista.

O nome da bancada na Câmara é o do deputado Geddel Vieira Lima (BA). O ministério dos sonhos é o de Transportes, mas os deputados ficariam satisfeitos se pudessem arrematar o da Integração Nacional.

No primeiro mandato, o Ministério da Saúde integrou a cota dos deputados, mas a Pasta hoje é cobiçada pelo PT. Além disso, Lula cogita em promover a ministro o atual secretário nacional de Atenção à Saúde, José Gomes Temporão.

A indicação teria o aval do governador do Rio, Sério Cabral, mas ele próprio contou aos deputados que apenas encampou uma sugestão feita por Lula. Com a decisão dos governistas de deixar a interlocução dos deputados com o PT - a conversa entre Lula e Temer é sempre difícil -, já não se fala em seis a oito ministérios para o PMDB.

Na Câmara, alguns deputados ainda falam numa quinta pasta. Mas as indicações são de que o PMDB fique com quatro ministérios - dois para o Senado e dois para a Câmara. (RC)