Título: Fundo para infra-estrutura tem patrimônio de R$ 1 bi
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 08/02/2007, Finanças, p. C5

Os investimentos em infra-estrutura ganharam ainda mais fontes de financiamento. O fundo de participação Infra-Brasil, constituído em julho com patrimônio de R$ 613 milhões, já detém hoje quase R$ 1 bilhão, após o aporte, inclusive, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco entrou com R$ 130 milhões e se tornou o terceiro maior investidor individual. Os maiores são a Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal), que liderou a criação do fundo e hoje tem cotas de R$ 206 milhões, e a Petros (da Petrobras), que tem outros R$ 206 milhões investidos.

Outros investidores são o Banco do Brasil, por meio de seu banco de investimento, a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), a Valia (da Vale do Rio Doce), a Banesprev (do Banespa) e o ABN AMRO, que administra o fundo. Há também dois cotistas pessoa-física, clientes da área de private banking do ABN AMRO que preferem não ser identificados, segundo Geoffrey Cleaver, gestor do fundo Infra-Brasil e superintendente-executivo da área de private equity do ABN AMRO.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por questões legais, tem participação de R$ 147 milhões feita por meio de um empréstimo e não de uma cota. A intenção da instituição multilateral é fazer um teste com o Infra-Brasil para, em caso de sucesso, "exportar" o mesmo modelo a outros países em desenvolvimento com recursos escassos para financiar investimentos em infra-estrutura.

Somando-se os R$ 824 milhões das cotas com os R$ 147 milhões do BID, chega-se ao patrimônio de R$ 971 milhões do Infra-Brasil. A meta é investir isso tudo em quatro anos, nos setores de energia, transporte, água, saneamento básico, gás, entre outros, diz Cleaver. O primeiro investimento já foi realizado, segundo informou ele ao Valor.

Foram aplicados R$ 46 milhões em debêntures subordinadas (a última dívida a ser paga no caso de uma inadimplência) no projeto de construção de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que o grupo gaúcho Bolognesi está levando à frente no Rio Grande do Sul. O desembolso de R$ 40 milhões já foi feito pelo fundo e outros R$ 6 milhões estão provisionados em caso de necessidade. A empresa de propósito específico Companhia Energética Rio da Prata, que controla o projeto, foi a emissora das debêntures de prazo de vencimento em 13 anos.

Do projeto de R$ 221 milhões, R$ 71 milhões são capital cujo aporte foi feito pelo grupo Bolognesi (R$ 31 milhões de recursos próprios e R$ 40 milhões do Infra-Brasil). Os outros R$ 156 milhões são dívida tomada no BNDES e agentes repassadores, entre eles o ABN AMRO. "Uma das razões pelas quais o BNDES resolveu apoiar o fundo foi poder dar recursos diretamente ao empreendedor por meio de dívida subordinada e não apenas financiar o projeto com dívida sênior", disse Cleaver.

A idéia do Infra-Brasil é priorizar a renda fixa. Mas, o fundo pode investir 20% de seus recursos diretamente sob a forma de renda variável nos projetos. Os investidores esperam retorno de 11% a 15% ao ano sobre o IGP-M. O fundo pode investir de R$ 30 milhões a R$ 97 milhões por projeto.