Título: Gerdau cresce em todos mercados e lucra R$ 3,5 bilhões
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 08/02/2007, Empresas, p. B7

O grupo Gerdau anunciou ontem lucro líquido consolidado recorde de R$ 3,49 bilhões em 2006, alta de 7,6% sobre o ao anterior, e já projeta mais um período de aumento na demanda neste ano. O cenário considera perspectivas de crescimento no mercado interno e global para o aço, de 5,3% depois da produção também recorde de 1,24 bilhão de toneladas em todo o mundo no ano passado.

As vendas domésticas do grupo, que no ano passado reverteram a queda de 9,6% de 2005 e subiram 12,6%, para 3,95 milhões de toneladas, devem avançar mais 6% a 8%, previu o vice-presidente de finanças Osvaldo Schirmer. Segundo ele, o mercado interno está "promissor", influenciado pelo estímulo a investimentos em habitação e infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo federal.

Para a América do Sul, a expectativa é de um crescimento de mais de 7% no consumo, disse o novo presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, que no início do ano assumiu o comando executivo do grupo no lugar do pai, Jorge Gerdau, agora dedicado à presidência do conselho de administração. Em 2006, as operações sul-americanas do conglomerado (sem o Brasil) já registraram expressiva expansão, de 92,8% nas vendas, para 1,54 milhão de toneladas. Isso se deve principalmente às consolidações das siderúrgicas Diaco (Colômbia), Siderperú (Peru) e Sipar (Argentina).

Na Espanha, onde tem 40% da Sidenor e por intermédio a recém-adquirida GSB Aceros, ambas de aços especiais, a indústria está em expansão acelerada e promete uma demanda forte. Na América do Norte, disse Schirmer, o cenário é de estabilidade nos volumes.

O grupo fechou 2006 com produção total de 15,58 milhões de toneladas de aço bruto, aumento de 13,9% sobre o ano anterior. Disso, 46,7% saíram de usinas no Brasil. As vendas cresceram 9,4%, para 14,82 milhões de toneladas, e geraram receita líquida consolidada de R$ 23,51 bilhões, 9,8% acima de 2005. A margem bruta oscilou de 27,5% para 27,6%, mas a margem líquida variou de 15,2% para 14,9% e a margem Ebitda encolheu um ponto, para 22,7%, o que acabou surpreendendo negativamente o mercado e provocou desvalorização de ações do grupo na Bovespa.

Segundo o analista Luiz Alberto Bins, da corretora Geração Futuro, a expectativa para o quarto trimestre era de resultado operacional de R$ 1,3 bilhão. Mas o desempenho ficou em R$ 1,12 bilhão - margem de 19,3%, ante 25,5% no trimestre anterior, devido maior volume de exportações de menor valor agregado no período, à redução sazonal de vendas no Brasil e EUA e à elevação dos custos de alguns insumos, como a sucata no Brasil.

No ano, as unidades brasileiras venderam 1,1% a menos do que em 2005, ou 6,26 milhões de toneladas, devido à queda nas exportações de 2,82 milhões para 2,3 milhões de toneladas com redirecionamento de produtos para o mercado interno, explicou Schirmer. Incluindo vendas para coligadas no exterior, os embarque tiveram ligeira queda, de 3 milhões para 2,9 milhões, mas a receita manteve-se estável, em US$ 1,2 bilhão, devido à alta de 4,6% nos preços médios por tonelada: US$ 429.

As operação no Brasil tiveram queda de 4,9% na receita líquida, para R$ 9,65 bilhões, ante aumento de 6,7% na América do Norte, para R$ 10,73 bilhões, e de 93% na América do Sul, para R$ 2,32 bilhões. Na Europa, a receita foi de US$ 806 milhões. A tendência se repetiu no lucro líquido, que caiu 4,9% no Brasil (R$ 2,27 bilhões). Na América do Norte subiu 18,3%, para R$ 811 milhões, e na América do Sul, 74%, para R$ 289 milhões. Na Espanha, as participações geraram resultado de R$ 114 milhões.