Título: Alckmin muda secretariado de olho em 2006
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2005, Política, p. A4

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) começou ontem a reformular o seu secretariado, para ampliar o rol de possíveis aliados nas campanhas para a Presidência e o governo do Estado no próximo ano. As mudanças também premiam os dirigentes tucanos que conseguiram um bom resultado na eleição municipal de 2004 e devem substituir secretários de perfil técnico por outros com o mesmo perfil. Ontem, o ex-prefeito de São José dos Campos, Emanuel Fernandes, assumiu a Secretaria de Habitação. A cidade no Vale do Paraíba com 380 mil eleitores é a maior governada pelo partido no interior do Estado e Fernandes conseguiu eleger seu sucessor no primeiro turno. A curto prazo, Alckmin poderá trocar os secretários do Emprego, Desenvolvimento Social e Esportes, além de criar mais uma secretaria, a do Turismo, que seria desmembrada da Pasta de Ciência e Tecnologia. O objetivo, segundo um aliado do governador, seria abrir espaço para os partidos que poderão compor com o PSDB tanto no plano nacional quanto estadual em 2006: o PFL, que já têm duas secretarias, mas de importância política menor, o PPS, o PDT e o PV. No seu segundo mandato como governador, Alckmin tem sido avaro em indicações políticas para sua equipe. Em seu governo, é comum o titular da secretaria acumular a presidência de autarquias. Fernandes, por exemplo, será presidente da CDHU, que constrói casas populares. É um modelo verticalizado que Alckmin avisou ontem que não pretende alterar. Os secretários pefelistas, o da Justiça, Alexandre Moraes, e o dos Esportes, Lars Grael, não foram indicações do partido para o governo mas, de certa forma, representaram o oposto: ingressaram no PFL depois de escolhidos para suas funções. E fora o PFL, não há outros partidos ocupando secretarias. Na área técnica, o secretário de Economia e Planejamento, Andrea Calabi, que foi presidente do Banco do Brasil e do BNDES no governo Fernando Henrique, é apontado como uma desfalque certo na equipe do governo. Ontem, na posse de Fernandes, Calabi comentou as especulações: "A mudança às vezes faz bem. Como o governador diz, participar do governo é uma corrida de revezamento, em que um passa o bastão para o outro. É ele quem decide o processo". Seu cargo, entretanto, não é pleiteado pela área política. O aumento da cota política no secretariado deve facilitar a eleição do novo presidente da Assembléia Legislativa. A tendência é Alckmin apoiar o presidente do Diretório Municipal do PSDB da capital, Edson Aparecido, um dos coordenadores da campanha de Serra para prefeito no ano passado. Mas a escolha de um tucano para a presidência da Casa é contestada pelo PT. Ao empossar o novo secretário, o governador indicou que a atenção especial para facilitar a administração de Serra já começou. Fernandes afirmou que recebeu de Alckmin a incumbência de priorizar a liberação de recursos para os programas de erradicação de cortiços na capital. E o governador lembrou que a pasta do novo secretário terá R$ 1,1 bilhão para investir. Ontem mesmo, Alckmin e Fernandes conversaram com o secretário municipal de Habitação de Serra, o pefelista Orlando Almeida.