Título: Total de brancos e nulos aumenta 23% ante 2008
Autor: Torres , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2012, Política, p. A12

Dos 25,6 milhões de brasileiros que foram às urnas ontem, 9,2% votaram em branco ou nulo, maior índice registrado em segundas etapas de eleições municipais desde 2000, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em relação às eleições de 2008, quando percentual foi de 7,5%, o aumento foi de 23%.

O índice de abstenção, que atingiu 19,1%, também foi o maior em segundos turnos desde 2000. Fazendo-se os ajustes para a mesma base de comparação, abstenções, votos nulos e brancos atingiram 26,6% dos votos possíveis. Em 2008, o indicador ficou em 24,2%.

O dado nacional de brancos e nulos foi puxado pelos 800 mil eleitores que tomaram essa decisão em São Paulo, onde o índice ficou em 11,6%, ante 7,6% no segundo turno de 2008. Considerando as abstenções e ajustando a base de comparação, 29,3% dos paulistanos não escolheram candidato na eleição, o que soma 2,5 milhões de pessoas. O número se compara aos 2,7 milhões de votos que José Serra (PSDB) obteve.

Em Petrópolis e Niterói, o índice de pessoas que não votou ou invalidou os votos ficou perto de 35% do total de aptos a votar, se aproximando do número de votos recebidos pelo vencedor das eleições nessas cidades.

Tradicionalmente, o índice de votos brancos e nulos costuma ser menor no segundo turno. Nas eleições municipais de 2000, 2004 e 2008, essa diferença tinha sido de dois pontos percentuais, o que se confirmou em 2012. No primeiro turno deste ano, os votos brancos e nulos somaram 11,2%, também o maior nível em primeiros turnos desde 2000.

É claro que as amostras são diferentes, com um total de eleitores muito menor no segundo turno e normalmente de cidades maiores, onde imagina-se que haja menos casos de votos nulos por erro do eleitor na digitação do número do candidato na urna eletrônica.

Mas quando se compara os dados de uma mesma cidade, o desempenho se repete.

Tudo indica que o que explica o fenômeno é a decisão pelo voto no candidato tido como "menos pior". Ou seja, mesmo sem muita convicção no candidato escolhido, o eleitor se mostra preocupado principalmente em evitar que o candidato que ele rejeita fique no cargo por quatro anos.

Afora esse comportamento tradicional entre primeiro e segundo turno, não há como negar que uma das marcas dessas eleições é o crescimento dos votos brancos e nulos, que em termos proporcionais foi de 17% na primeira etapa da eleição.

Mesmo com a alternativa de simplesmente se abster e depois justificar a ausência - ou mesmo de pagar uma multa irrisória no futuro -, 12,9 milhões de brasileiros preferiram ir às urnas e votar nulo ou em branco no primeiro turno deste ano. Em termos absolutos, o número cresceu 23% entre 2008 e 2012, enquanto o eleitorado aumentou 7,5%. Para dar uma dimensão do número absoluto, os 12,9 milhões de votos brancos e nulos equivalem à soma dos eleitores que compareceram nas eleições no primeiro turno em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, os três maiores colégios eleitorais do país.