Título: Empresas aderem a esforço global inédito de socorro
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2005, Internacional, p. A6

Empresas de grande porte vêm entrando no esforço de auxílio à vítimas dos tsunamis (ondas gigantescas provocadas por terremoto) que atingiram o sul da Ásia dia 26 de dezembro matando mais de 150 mil pessoas. Além de contar com a ajuda de mais de 40 governos, que fornecem contribuições e apoio logístico, a ONU diz estar "muito satisfeita" com a cooperação do "mundo corporativo". Trata-se, provavelmente, de uma mobilização em escala mundial sem precedentes "As empresas foram lentas para começar a ajudar, já que muitas delas tinham pouca gente trabalhando por causa dos feriados. Mas, depois disso, a resposta delas têm sido admirável", disse Sophia Muirhead, pesquisadora do Conference Board, que vem rastreando a ajuda desde o dia da tragédia. A DHL e a TNT, empresas de transporte, estão doando caminhões e abrigos aos sobreviventes de Aceh, província da Indonésia mais devastada pelo desastre. A Citigroup Foundation anunciou a doação de US$ 3 milhões: US$ 1 milhão para a Cruz Vermelha, US$ 1 milhão para projetos de reconstrução e US$ 1 milhão para para entidades locais de ajuda. A crescente importância dos mercados asiáticos foi chave para definir a generosidade das empresas americanas. Elas reconhecem ter um problema de imagem na região. Pesquisas de opinião revelam que as políticas externas dos EUA são bastante impopulares no sul da Ásia, o que se reflete na imagem de produtos americanos. Mas, obviamente, não são só as americanas que participam: a DaimlerChrysler, a British Telecom e a Cable & Wireless, por exemplo, mandaram engenheiros. A World Vision, organização humanitária cristã, aponta outros motivos que beneficiam as campanhas de doações e participação em empresas. "Empregados que sabem que sua empresa está envolvida em alguma atividade beneficente tendem a ficar mais dedicados e interessados no trabalho", diz Scott Jackson, vice-presidente da organização. Mas não é só por isso. Especialistas dizem que as doações são uma boa maneira de se livrar dos encalhes nos depósitos das empresas. De qualquer modo, as companhias do setor farmacêutico, como a alemã Altana e a francesa Sanofi-Aventis enviaram medicamentos preciosos para a região. A alemã Basf doou US$ 1 milhão. A suíça Nestlé enviou alimentos. Pfizer, Coca, Exxon, Microsoft e Vodafone são outras que se engajaram de algum modo. Na área financeira e de seguros, a campanha de donativos recolheu US$ 5 milhões da americana Dow Chemical e do banco britânico Standard Chartered, além de US$ 2,65 milhões da seguradora Zurich Financial e cerca de US$ 1,3 milhões da gigante Allianz. No setor de telecomunicações, a francesa Alcatel doou US$ 1 milhão. Algumas empresas européias de telefonia instituíram números de emergência para os quais seus clientes ligam fazendo doações. No Brasil, a TIM doou R$ 1 milhão e está arrecadando doações com seus funcionários. Além disso, a empresa adotou um outro modo de receber contribuições, por meio de torpedos: o usuário da operadora envia um torpedo para o número 4.000, ao custo de R$ 2, com a palavra "ajuda". Ontem, a operadora estimava ter recebido mais de 35 mil torpedos. A TV Record tornou-se parceira da TIM, abrindo espaço em sua programação para a divulgação da campanha. Outras empresas brasileiras também se engajaram. A Varig custeou o envio de 60 toneladas de alimentos em um de seus DC-10. No carregamento havia 29 toneladas de água potável cedidas pela Schincariol. O Bradesco abriu uma conta para receber doações. Os depósitos poderão ser feitos na conta Solidária Bradesco para Ásia, número 100-7, agência 001.