Título: Derrotados esperam novas disputas
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Fonte: Valor Econômico, 29/10/2012, Política, p. A13

Por Carolina Mandl e Rodrigo Pedroso | De São Paulo

Derrotados no primeiro turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, Celso Russomano (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB) buscam agora a definição de seus futuros políticos.

Chalita (PMDB), quarto colocado na disputa paulistana: exposição ampliada com presença na campanha de Haddad

Quarto colocado na disputa, com 13,6% dos votos, Chalita se uniu a Fernando Haddad (PT), em uma aliança costurada pelo presidente licenciado do PMDB, o vice-presidente Michel Temer. Desde então, o deputado federal seguiu cada passo de Haddad. Foi à carreata, missa, visita à Academia Paulista de Letras e a gravações de propaganda eleitoral, em um périplo que lhe rendeu exposição para alçar voos mais altos em novas disputas.

Por enquanto, o candidato derrotado disse, depois de votar ontem, que atuará no governo de Haddad apenas como deputado federal, sem participar de secretarias. Não descarta, porém, disputar a eleição para governador em 2014. "Está muito longe. Político está para disputar a eleição", afirmou. Em relação à continuidade da aliança PT e PMDB daqui a dois anos, foi evasivo, limitando-se a um "vamos ver".

Apesar de ter saído da disputa eleitoral com mais votos do que Chalita, Russomano ficou de fora da eleição no segundo turno. O candidato derrotado não declarou seu apoio a ninguém, sumindo do cenário. O jornalista, porém, disse ontem não ter desistido de assumir um cargo executivo. "Com certeza vou me candidatar novamente. Eleição não se acaba na primeira tentativa. Meus votos dariam para lotar 17 estádios do Morumbi", afirmou, sem revelar seu voto.

Sobre a possibilidade de entrar no governo paulista em função da aliança de seu partido com o governo federal petista, o candidato disse que vai conversar com os correligionários para decidir. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o PRB integra a base de apoio da presidente Dilma Rousseff e comanda o Ministério da Pesca, com Marcelo Crivella. "O apoio ou não será decidido depois da posse", afirmou.

Apesar de haver a possibilidade de participar do governo, Russomanno afirmou que as respostas das urnas o mostraram como uma terceira via à polarização PT e PSDB na capital. "O respeito a quem votou em mim me mantém neutro. Sou uma alternativa aos dois."

O discurso de Russomano mantém-se afiado contra o futuro prefeito, que questionou sua proposta de campanha com uma nova forma de cobrança para a tarifa de ônibus. "O Haddad usou isso para dizer que uma pessoa que subisse no ônibus, descesse logo em seguida e subisse no outro ia pagar R$ 16. Todo mundo sabe que isso é uma mentira [...] Fui vítima de um verdadeiro ataque, as metralhadoras viraram todas para mim", disse.