Título: PT sai reforçado para a disputa paulista em 2014
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2012, Política, p. A16

Com a vitória do petista Fernando Haddad em São Paulo, o PT sai reforçado das urnas para disputar o governo paulista em 2014. O resultado das eleições deste ano foi o melhor da história do partido no Estado, que passará a governar 68 cidades, com 45,21% do eleitorado. O PSDB, mesmo com a derrota de José Serra na capital, mantém-se como a legenda com o maior número de prefeituras, com 176 e 19,39% dos eleitores. Os tucanos, porém, perderam 29 prefeituras.

No balanço do Estado, o PT cresceu no interior e no percentual do eleitorado governado. Em 2008, o partido havia eleito 63 prefeituras e governava 16,7% dos eleitores.

A vitória de Haddad na capital e o desempenho eleitoral de Marcio Pochmann (PT) em Campinas, apesar da derrota nas urnas, deu força à tese de renovação e o lançamento de um nome novo para disputar o governo paulista em 2014. O Planalto e os petistas mais ligados à presidente Dilma Rousseff trabalham para construir a candidatura do ministro Alexandre Padilha, da Saúde, e correm contra o tempo para que o ministro crie ao menos duas fortes marcas em sua gestão no próximo ano. A cúpula do PT fala em bandeiras como o Prouni da gestão Haddad no Ministério da Educação ou como os genéricos de Serra quando ministro da Saúde. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem simpatia pelo nome de Padilha.

O ministro foi articulador político do governo Lula e um dos coordenadores de Dilma em 2010. Padilha é comedido ao falar sobre seu lançamento. "Vamos discutir 2014 em 2014. Por enquanto, tenho trabalho no ministério".

O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, reeleito neste ano, também é cotado, mas dirigentes petistas dizem que as chances são remotas. Marinho teria a missão de consolidar o PT na Grande São Paulo. Os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura) almejam disputar o governo estadual, mas há resistência dentro da cúpula petista.

O PSDB, que está em sua quinta gestão consecutiva à frente do governo paulista, registrou o menor número de prefeituras desde 2000. Naquele ano, detinha 178 prefeituras paulistas, chegou a alcançar 194 em 2004, 205 prefeituras em 2008 e recuou para 176 ontem.

Apesar da redução do PSDB no Estado, o secretário-geral do diretório paulista, Cesar Gontijo, comemora o resultado das urnas. "Continuamos como o partido com mais prefeituras em São Paulo. Nossa estratégia nesta eleição foi diferente das demais. Focamos nos maiores municípios para ganharmos mais prefeitos em cidades com mais eleitores", afirmou.

"Não crescemos como queríamos", disse. "Mas nossa projeção era ousada. A dificuldade se deve ao número maior de partidos, com quem dividimos os votos. Mesmo com a proliferação de outros partidos, ainda somos os maiores."

O comando estadual do PSDB já trabalha com a candidatura à reeleição de Geraldo Alckmin no governo paulista e descarta o lançamento de José Serra para um cargo no Executivo em 2014 - tanto ao governo paulista quanto à Presidência. A análise da cúpula tucana é a de que é preciso renovar as lideranças, processo pelo qual os grandes partidos estão passando. Nesse cenário, o candidato natural para a sucessão presidencial é o senador Aécio Neves (MG), que subiu em palanques nesta eleição para costurar sua pré-candidatura.

O PT comemora vitórias sobre redutos do PSDB, como São José dos Campos, com 455 mil eleitores, polo tecnológico do Estado. Santo André, Guarulhos e Mauá foram outros ganhos importantes.

O PMDB, que já foi a principal força política de São Paulo, voltou a crescer sob a articulação do vice-presidente da República, Michel Temer. O partido ficou com 89 prefeituras e 8,17% do eleitorado.

Em 2000, o partido tinha 111 prefeituras (17,2% do Estado) e foi reduzindo de tamanho nas eleições seguintes até chegar a 70 prefeituras (10,8% do total) em 2008. O presidente do PMDB paulista era o ex-governador Orestes Quércia, adversário de Temer dentro da legenda. Com a morte de Quércia em 2010, Temer e seus aliados assumiram o controle do diretório estadual e isolaram os políticos ligados ao ex-governador morto.

Segundo o presidente estadual do PMDB, deputado Baleia Rossi, o partido interviu na direção de 150 diretórios, dissolveu a comissão provisória de 50 cidades e criou diretórios em outros 100 municípios. Agora, planeja lançar candidatura própria para alavancar o crescimento da bancada na Câmara dos Deputados, que em 2010 elegeu só um deputado por São Paulo. Na capital, a candidatura de Gabriel Chalita ajudou o partido a ampliar a bancada de vereadores de um para quatro, a partir de 2013.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, articula sua pré-candidatura e nesta eleição percorreu o Estado apoiando peemedebistas, na tentativa de cacifar-se para a disputa estadual. "Skaf é o nome natural, mas não temos nada fechado porque Chalita é um nome forte", diz o presidente estadual do PMDB.

Mesmo com a ideia de candidaturas próprias, PMDB e PT devem manter-se aliados em 2014 no Estado, a exemplo do que ocorreu no segundo turno paulistana. "O PMDB é o nosso principal aliado para 2014", diz o presidente do PT paulista, deputado Edinho Silva.

Com a derrota de José Serra, o PSD, criado pelo prefeito da capital, Gilberto Kassab, tende a se alinhar ao PT nos planos nacional, federal e municipal. O partido fez 33 prefeituras e governará 1,4 milhão de eleitores. Já o PSB, aliado do governo Dilma, poderá se aproximar do PSDB na eleição estadual. Em Campinas, a terceira maior cidade do Estado, PSB e PSDB se uniram em uma disputa que foi nacionalizada. No Estado, o partido passou de 26 para 29 prefeituras. O PSB teve uma derrota importante em São Vicente, no litoral, onde o filho do presidente estadual do partido, Marcio França, perdeu a eleição.