Título: Falha humana provocou apagão, diz Hubner
Autor: Bitencourt, Rafael ; Lorenzo, Francine De ;
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2012, Brasil, p. A4

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, disse ontem que a interrupção no fornecimento de energia na madrugada de sexta-feira no Nordeste e em parte da região Norte foi provocado por "falha humana". "Houve um erro na programação do sistema de proteção", afirmou.

Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, os apagões que atingiram o Brasil nas últimas semanas não se devem à falta de investimentos ou manutenção no setor energético, mas foram "pontuais, devido a uma falha nos equipamentos de contenção".

"Um evento não tem nada a ver com outro. Cada caso tem suas razões, que individualmente são identificadas e divulgadas em relatório para conhecimento público", disse Ventura Filho, após participar da 5ª Feira Internacional de Tecnologia em Bioenergia e Biocombustível, em São Paulo.

Segundo o secretário, o MME e a Aneel solicitaram uma revisão completa dos equipamentos de contenção para prevenir novas ocorrências. Para ele, os apagões não afetam em nada o processo de renovação das concessões no setor energético.

Já a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, minimizou a redução do orçamento da Eletrobras na comparação entre 2012 e o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2013. "A redução de R$ 200 milhões em R$ 10 bilhões é quase insignificante", disse ontem a ministra em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.

Dados do Executivo mostram que a Lei Orçamentária de 2012 e créditos adicionais deste ano somam R$ 10,3 bilhões para a Eletrobras, enquanto a PLOA 2013 prevê R$ 10,1 bilhões para a empresa. Os recursos para o Ministério de Minas e Energia (MME) também caíram na comparação entre a PLOA de 2012 e 2013: R$ 924,7 milhões contra R$ 892 milhões.

No evento, a ministra foi questionada pela oposição sobre a queda dos investimentos no setor elétrico em meio a apagões verificados no país nas últimas semanas em vários pontos do país. Segundo ela, a redução das receitas previstas para o setor faz parte de um ciclo de término de alguns grandes empreendimentos e início de outros em que o ritmo não é o mesmo de outras obras. Ela citou como exemplos as usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, estão começando a "diminuir" o ritmo de investimentos devido ao estágio da obra.

Miriam destacou que o MME determinou um "pente-fino" nas instalações das distribuidoras de energia elétrica após os apagões no país e apontou que a falta de energia em Estados das regiões Norte e Nordeste na última semana deve estar ligada a falha humana. "Estão ainda analisando com cuidado, mas não é problema do sistema em si", afirmou a ministra.

Ontem, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado autorizou a Eletrobras realizar a contratação de uma operação de crédito de € 45,9 milhões com o banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW) para financiar parte do Projeto Complexo São Bernardo, em Santa Catarina. (Colaborou Fernando Exman, de Brasília)