Título: Para Kassab, eleito vai entregar cidade melhor
Autor: Lima, Vandson ; Cunto, Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2012, Política, p. A11

O atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) e o prefeito eleito para sua sucessão, Fernando Haddad (PT), iniciaram ontem formalmente o processo de transição na administração municipal.

O secretário de Governo Nelson Hervey e o coordenador da campanha da Haddad, vereador Antônio Donato (PT), encabeçarão as equipes que trabalharão na mudança da gestão a partir de amanhã. Kassab inclusive já reservou uma sala na sede do governo para o novo prefeito. Haddad também esteve, pela manhã, com o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), para falar de possíveis parcerias para a cidade.

Após o encontro, que durou aproximadamente uma hora e meia, Kassab e Haddad apareceram juntos para um pronunciamento à imprensa e capricharam na troca de afagos. "Hoje se inicia formalmente o processo de transição [...] que será, com certeza, referência para todos aqueles que acreditam que a democracia é importante por conta também do processo eleitoral, da alternância de poder", afirmou Kassab, antes de enfileirar elogios ao outrora rival. "Fernando Haddad é uma pessoa capacitada, inteligente, com boa formação moral e técnica, experiência na vida pública e São Paulo estará em ótimas mãos. Tenho certeza que ele vai corresponder às expectativas de todos nós em relação ao seu governo e que daqui a quatro anos vai entregar uma cidade melhor".

Kassab aproveitou a deixa para dizer que está à disposição de Haddad não apenas agora, "ao longo de seu governo, aonde ele entender que seja necessário".

Haddad garantiu que não haverá descontinuidade entre as administrações. "Ele [Kassab] pretende fazer uma transição de alto nível, colocou sua equipe à nossa disposição para que as informações fossem prestadas e tivéssemos clareza do que está em curso e não será descontinuado, de maneira nenhuma, por nós. Queremos promover uma passagem de governo tranquila, sem nenhum tipo de solavanco". Haddad disse ainda que irá "manter os programas da prefeitura que vêm correspondendo aos anseios da população".

Segundo Donato, os professores da Universidade de São Paulo Luís Fernando Massonetto, especialista na área jurídica, e Ursula Peres, professora de Finanças Públicas, dividirão com ele a coordenação da equipe de transição do novo governo.

Ele afirmou ainda não terem sido iniciadas tratativas para a composição de uma maioria na Câmara de Vereadores. "Teremos dois meses de intensas conversas com as forças políticas da Câmara, no sentido de permitir que o prefeito Haddad tenha maioria para apresentar e aprovar seus projetos que foram defendidos na eleição".

A tarefa não será simples. Ontem, as bancadas de PSD e PSB informaram que manterão o bloco que formam na Câmara. Segundo um de seus articuladores, a intenção é buscar espaço para o grupo no comando de comissões importantes da Casa, bem como articular o oferecimento de um nome para a Presidência da Câmara. O atual presidente, José Police Neto (PSD), é do bloco. O PSD elegeu sete vereadores, mas a bancada terá oito cadeiras. O primeiro-suplente Coronel Camilo (PSD) entrará no lugar de Antônio Carlos Rodrigues (PR), que tomou posse no Senado com a ida de Marta Suplicy (PT) para o Ministério da Cultura. O PSB elegeu três vereadores. Querem atrair ainda o PV, com quatro nomes, e o PPS, com dois.

Um outro grupo, encabeçado por PTB, PR e DEM, quer disputar postos na Casa. O espaço que cada grupo ocupará será decisivo na constituição da bancada governista que dará suporte a Haddad.

No encontro de Haddad e Alckmin, ficou acertada a criação de um grupo para estudar novos investimentos na cidade. "Na hora em que ele [Haddad] estiver com a equipe formada, reuniremos as duas equipes para detalharmos propostas em saúde, educação, transporte, segurança," disse Alckmin.

Haddad afirmou que buscará ajuda do governo estadual para conseguir terrenos para a construção de creches próximas a estações de metrô e trem - proposta apresentada pelo adversário José Serra (PSDB) na disputa eleitoral. Nenhum dos dois respondeu se foi tratada a integração do sistema de metrô e trem ao Bilhete Único Mensal proposto pelo petista na campanha.