Título: IBGE ampliou e diversificou dados usados no cálculo
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2007, Brasil, p. A3

A maior mudança realizada no Sistema de Contas Nacionais do IBGE desde 1997, a nova metodologia representou a introdução de enorme quantidade de novos dados, inciando-se pelas pesquisas anuais de indústria, comércio, serviços e construção que começaram a ser feitas em 2000. Além disso, incluiu o aperfeiçoamento nos cálculos de vários setores, como administração pública, aluguéis e serviços de informação.

A nova fórmula inclui, também, a disponibilização de dados Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), fornecidos pela Receita Federal. Como os dados da Receita só chegam ao IBGE com defasagem de dois anos, o que também ocorre com os números das pesquisas anuais por setor, o caráter provisório do PIB vai demorar praticamente dois anos. Nesta primeira divulgação, só são definitivos os números até 2003.

No final deste ano, provavelmente em novembro, serão divulgados os dados definitivos de 2004, que saem com defasagem de três anos, e de 2005. No final de 2008 será conhecido o PIB definitivo de 2006, cujo número pela metodologia antiga foi divulgado em fevereiro (2,9%) e o primeiro dado provisório pela nova fórmula será conhecido na próxima semana.

A enorme complexidade das mudanças fica evidente quando se ouve as explicações para a diferença entre os números de 2000 para frente e aqueles de 2000 para trás. Segundo os técnicos do IBGE, como os dados sobre os quais foi embasada a mudança só existem, na quase totalidade, a partir de 2000, eles buscaram uma saída para "não deixar o país sem uma série histórica do sem PIB".

A solução foi fazer o que eles chamam de "retropolação", ou seja, uma extrapolação às avessas. Conhecendo os novos pesos dos setores a partir de 2000, o IBGE pegou os números que já dispunha para o período de 1995 a 1999 e aplicou sobre eles as novas ponderações, fazendo também, onde foi possível, um enxerto das novas metodologias para alguns setores.

Dessa forma, foi possível conseguir algo "o mais próximo possível" da compatibilidade com a séria a partir de 2000, segundo explicou Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacional do instituto. Ainda assim, ele e toda a equipe recomendaram que sejam feitas todas as ressalvas possíveis ao comparar os dois períodos.

Entre as mudanças introduzidas, nem todas apresentaram o resultado previsto. O mercado avaliava que as mudanças de fórmulas para calcular a administração pública e os aluguéis iria provocar forte crescimento da rubrica nos anos passados. Não foi totalmente assim. Embora em 2004 a taxa de crescimento tenha passado de 0,1% para 4,1% da antiga para a nova fórmula, em 2003 o resultado foi queda de 1,3% para 1,2%.

A nova série do IBGE subtraiu do consumo das famílias o das entidades sem fins lucrativos (1,4% do PIB em 2000 e 1,3% em 2004. Além, disso, a nova fórmula permitiu ao IBGE separar a informalidade, mas com base em uma metodologia da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que considera, por exemplo, médico que não tem registro de pessoa jurídica um informal. Com base nesse método que o próprio IBGE considera questionável, a informalidade caiu de 11% em 2000 para 8% em 2005.