Título: Contratação nas fábricas lidera alta do emprego no primeiro bimestre
Autor: Salgado, Raquel e Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 28/03/2007, Empresas, p. A3

A indústria criou 69, 9 mil empregos no primeiro bimestre deste ano, volume que mostra um ritmo de contratações, no setor, muito mais intenso do que o de igual período do ano passado. O aumento no saldo de admitidos e demitidos na indústria foi de 62,71% sobre o resultado de igual período de 2006, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em todos os 12 segmentos industriais nos quais o Caged organiza seus dados as admissões superaram as demissões. E em oito deles, o saldo de contratações foi maior do que o do primeiro bimestre de 2006.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ao divulgar ontem os dados do Caged disse que "começa a se desenhar um cenário parecido com 2004". Em 2004, houve abertura de 1,52 milhão de novas vagas na indústria, o melhor desempenho dos últimos anos.

O segmento de calçados foi um dos quatro destaques da criação de empregos industriais, o que indica que o setor está começando a se recuperar da crise que marcou suas atividades no ano passado. Houve contratação de 4.157 trabalhadores em fevereiro e 6.591 no acumulado do bimestre. As indústrias da borracha (6.440), metalurgia (5.625) e têxtil (4.957) lideraram as contratações em fevereiro.

No total, em fevereiro, houve a criação de 148 mil empregos com carteira assinada. Desses, 30,8 mil foram gerados na indústria. O saldo entre contratações e demissões foi 16% menor que o verificado em fevereiro de 2006, mas este ano o Carnaval reduziu o número dedais úteis do mês . Entre janeiro e fevereiro o Caged contabilizou 253, 4 mil vagas novas, o que também significa redução de 3,7% sobre o mesmo período no ano passado.

Apesar dos números agregados de janeiro e fevereiro estarem aquém dos apurados em 2006, Marinho está confiante que ao longo do ano haverá melhora do mercado de trabalho exatamente pelo bom comportamento da indústria. O setor com geração mais fraca de empregos foi o comércio, onde o saldo positivo de 14 mil vagas em 2006 recuou para 1,8 mil vagas no primeiro bimestre deste ano.

Os dados oficiais mostram ainda que a agropecuária também está se recuperando. No primeiro bimestre, o setor criou 39,2 mil vagas, resultado 21% maior que o do mesmo período do ano passado. Segundo o Ministério do Trabalho, a dinâmica da produção de cana, neste momento, é geradora de empregos na região Centro-Sul, mas demite no Nordeste. No Estado de São Paulo, os produtores já conseguem quatro safras por ano.

Já os setores de serviços e construção civil tiveram resultados menores que os do período janeiro-fevereiro de 2006. Nos serviços foram abertas 110 mil vagas, 6,6% a menos que no mesmo período do ano passado. Na construção civil, o bimestre teve criação de 17,2 mil postos de trabalho, uma queda de 52,4% sobre o saldo dos dois primeiros meses de 2006. Nesse caso, Marinho comentou que o início do ano passado teve uma demanda muito mais forte em virtude do ano eleitoral que exige a antecipação de obras públicas.

Os dados do Caged também indicam que, em fevereiro, nove regiões metropolitanas tiveram saldo (51,2 mil) menor que o do interior (73 mil). Segundo o governo, esse movimento foi influenciado pelas atividades agroindustriais, especialmente da cana.