Título: Norsky Hydro vai investir US$ 2,5 bi em petróleo no país
Autor: Durão, Vera Saavedra e Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2007, Empresas, p. B17

Com US$ 2,5 bilhões em investimentos previstos no Brasil até o fim da década, Eivind Reiten, presidente executivo e do conselho de administração da gigante norueguesa Norsk Hydro se encontra hoje com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, para apresentar o plano da companhia no campo de petróleo de Peregrino, na bacia de Campos. Na sexta-feira, o executivo leva à direção da Agência Nacional do Petróleo (ANP) o projeto de desenvolvimento do campo, com produção prevista de 100 mil barris de petróleo por dia em 2010. A Norsk é sócia e operadora com 50% de participação, tendo como parceira a Anadarko, companhia independente com sede nos Estados Unidos.

Peregrino é o mais importante ativo que a gigante norueguesa vai transferir para a Statoil no Brasil e foi a principal razão da vinda ao país do seu principal executivo. No ano passado, a Norsk faturou US$ 30 bilhões, tendo o petróleo respondido por metade desta receita. O desenvolvimento da produção do campo brasileiro vai exigir investimentos totais de US$ 5 bilhões, metade para cada sócio. O projeto prevê a produção de óleo pesado através de dois poços que serão conectados a uma plataforma flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo. Será feita uma licitação para escolher a empresa que vai construir a plataforma.

Em dezembro passado, a Statoil e a Norsk Hydro anunciaram uma fusão na qual a Statoil absorverá todos os ativos de exploração e produção de óleo e gás da Norsk em todo o mundo. A nova empresa, que inicialmente se chamará Statoil Hydro, será uma das líderes mundiais da produção de petróleo offshore (em alto mar), tecnologia que a brasileira Petrobras também domina. A Noruega está na lista dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo.

Depois de concretizada a fusão, marcada para o terceiro trimestre deste ano, Reiten vai acumular a presidência executiva e do conselho da Norsk Hydro com a presidência do conselho de administração da nova empresa. O executivo, que foi ministro de petróleo e energia da Noruega em 1989 e 1990, explicou que ainda não foi decidido quem vai comandar a "nova" Statoil no Brasil. Mas adiantou ao Valor que o atual presidente da Hydro Brasil Óleo e Gás, Kjetil Solbrake, será promovido e voltará para a Noruega. De lá ele comandará as atividades de petróleo e gás da nova empresa não apenas no Brasil como também em Angola e Nigéria. A Statoil tem em seus quadros no país o brasileiro Jorge Camargo, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, que é vice-presidente de desenvolvimento de negócios de exploração e produção internacional da norueguesa.

A Norsk Hydro seguirá com suas atividades de alumínio, outro foco junto com o petróleo, mantendo também os ativos de produção de energia tanto hidrelétrica, quanto solar. A empresa é a maior companhia integrada de alumínio da Europa e a terceira maior fornecedora do insumo no mundo, com produção de 1,7 milhão de toneladas/ano. No momento, ela participa de um dos maiores projetos de produção de alumínio do mundo, no Qatar, em associação com a estatal Qatar Petroleum, com metade para cada uma.

Os parceiros vão construir uma nova unidade com investimento total de US$ 4,5 bilhões e capacidade instalada de 580 mil toneladas/ano de alumínio. A usina, que será movida a gás, entra em operação em 2009 e, em 2010, estará produzindo a plena carga. A Norsk Hydro vai comercializar o produto. A nova unidade tem contrato de 25 anos de fornecimento de gás fechado com a Qatar Petroleum a um preço altamente competitivo.

O investimento no Qatar visa ampliar capacidade para atender a demanda aquecida por alumínio nos próximos anos. Segundo Reiten, a demanda pelo produto está crescendo 5% ao ano, principalmente por causa da China.

No Brasil, a Norsk Hydro já desenvolve há algum tempo negócios da cadeia de alumínio, nos quais já investiu US$ 800 milhões na expansão do projeto da Alunorte, refinaria de alumina (insumo do alumínio), onde é sócia da Vale com 34% do negócio. Esta participação lhe garante 2,2 milhões de toneladas/ano de alumina para suas unidades de alumínio na Noruega. É também dona da Acro, que produz perfis de alumínio.

A empresa norueguesa continua interessada em expandir seus negócios em alumina no país, mas este plano não deve sair da gaveta no curto prazo. O executivo não vê condições de ampliação na Alunorte. "Caso surjam novas oportunidades, estamos interessados em fazer esta expansão com a Vale, uma parceira boa de fazer negócios ", disse, destacando, porém, a Norsk está aberta a outras parcerias. Mas, reconhece que a Vale do Rio Doce domina o mercado de bauxita (matéria-prima da alumina) e que o sócio é que teria condições de abrir espaço para novas expansões na alumina. Ontem, Reiten visitou a Vale, depois de ter ido à Petrobras na terça-feira.