Título: Internacionalização foi saída para enfrentar queda do dólar
Autor: Cotias, Adriana e Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2007, EU & Investimentos, p. D1

Com o ciclo de queda do dólar iniciado no fim de 2002, as exportadoras não tinham como ficar de braços cruzados. Elas fizeram a lição de casa partindo para a internacionalização. "As empresas contornaram as perdas com as exportações importando", diz Adriano Blanaru, da Link Corretora.

Nos últimos anos, muitas companhias criaram grandes estruturas, de montagem e até de produção inteira, em várias partes do mundo. Essa estratégia trouxe ganhos de várias formas. "Quando o produto é feito no exterior, também já é vendido por lá, o que exclui o efeito perverso da queda da moeda americana", explica Blanaru. "Isso também proporciona o acesso direto a insumos no mercado internacional, a preços bem melhores." E, com atividades fora do país, as empresas conseguem com muito mais facilidade conquistar consumidores em novos mercados.

As empresas do setor de bens de capital são um excelente exemplo dessa virada do jogo das exportadoras, via internacionalização. Blanaru lembra de alguns casos. Um deles é a companhia de carrocerias Marcopolo, que tem fábricas no México e está montando unidades na Rússia e na Índia. Outro exemplo é a fabricante de motores Weg, que produz em países como México, Argentina, Portugal e América do Norte e mantém um escritório de representação na China.

Dentro do setor de siderurgia, a própria Gerdau é um exemplo de empresa que foi em busca de novos mercados. Além do Brasil, a empresa tem fábricas nos Estados Unidos, o que contribuiu para expandir as vendas e não ser prejudicada por barreiras protecionistas impostas ao aço estrangeiro nos Estado Unidos.

Esse tipo de estratégia que, no passado, tinha o risco de naufragar pela fragilidade das contas externas, hoje é muito mais palpável, diz o economista da Quest Investimentos, Paulo Miguel. "As empresas eram pegas de surpresa, com desvalorizações de 20%, 30%, mas com a estabilidade do câmbio agora se sentem mais confortáveis para avançar no exterior." (DC e AC)