Título: CSN vende menos minério de ferro e lucro cai 85%
Autor: Ribeiro, Ivo; Viri, Natalia
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2012, Empresas, p. B7

Preços em queda, tanto do aço quanto do minério de ferro, associados à pressão de custos, resultaram em forte perda de rentabilidade no balanço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no terceiro trimestre. O lucro líquido ficou em R$ 169,7 milhões no período, retração de 85% em relação ao mesmo período de 2011. A margem líquida da empresa passou de 26,4% para apenas 4%.

A receita líquida ficou praticamente estável na comparação anual, com leve alta de 0,6%, para R$ 4,27 bilhões. Os custos, por sua vez, subiram 23%, para R$ 3,1 bilhões. Com isso, o lucro bruto recuou 32%, para R$ 1,16 bilhão. A margem bruta encolheu 13,2 pontos percentuais, para 27,3%.

As despesas também tiveram forte avanço de 32% em relação ao terceiro trimestre de 2011, para R$ 506,4 milhões, contribuindo para reduzir a rentabilidade. O lucro antes de juros e impostos foi de R$ 657,3 milhões, metade dos R$ 1,34 bilhão de ano antes.

A CSN comemorou recorde de comercialização de aço no terceiro trimestre, com 1,6 milhão de toneladas de produtos (aumento de 35% sobre o mesmo trimestre de 2011), mas o balanço da companhia mostrou aumento magro, de apenas 1%, na receita líquida do segundo trimestre - R$ 4,267 bilhões - na mesma base de comparação.

As demostrações financeiras da empresa apontou continuidade da deterioração na margem Ebitda, que caiu 15 pontos percentuais, para 25%, comparada com um ano atrás. O Ebitda retraiu-se de R$ 1,7 bilhão no mesmo trimestre de 2011 para R$ 1,08 bilhão entre julho e setembro deste ano. A queda foi de 37%.

As vendas de minério de ferro, um negócio com fortes investimentos dentro da CSN, tiveram decréscimo de 18% em relação ao terceiro trimestre de 2011. Os embarques somaram 6,56 milhões de toneladas de julho a setembro, ante 7,97 milhões de toneladas de um ano antes.

A receita líquida dessa área despencou de R$ 1,58 bilhão para R$ 937 milhões na comparação de mesmos trimestres - resultando em uma queda de 41%. A retração se deveu ao menor volume vendido no último trimestre, bem como à depressão dos preços da commodity no mercado mundial, com destaque para a demanda fraca da China.

O Ebitda da atividade de mineração seguiu a mesma rota de baixa de venda e preço: passou de R$ 1,04 bilhão um ano atrás para R$ 398 milhões entre julho e setembro passado. O resultado operacional de minério de ferro respondeu por 35,2% do total da CSN - teve queda de 60%.

A empresa apontou que a cotação da matéria-prima no mercado spot chinês caiu de US$ 135 a tonelada no fim de junho para US$ 88 em setembro. Esse cenário foi decorrente da desaceleração da economia global, com destaque para a China e a crise europeia.

O mercado interno respondeu por 79% das vendas de aço no período, exportação por 2% e subsidiárias no exterior (lideradas pela controlada alemã SWT), 19%.

O resultado da CSN frustrou as expectativas dos analistas. A média das projeções de quatro bancos era R$ 270,5 milhões. Em relação ao resultado operacional, a decepção foi um pouco menor: eles previam Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,2 bilhão, 8% abaixo de R$ 1,08 bilhão efetivamente obtidos pela empresa. A receita veio em linha com as estimativas, em R$ 4,1 bilhões.

O principal desvio em relação à média das estimativas foi em relação ao ajuste das ações da Usiminas, que não ocorreu. A CSN tem cerca de R$ 1 bilhão em ações ordinárias da concorrente e, no segundo trimestre, registrou uma baixa contábil de R$ 1,6 bilhão por conta da queda dos papéis da siderúrgica mineira.

Entre os bancos consultados, o Credit Suisse estimava um lucro de R$ 652 milhões, considerando que a CSN poderia mudar a forma de contabilização desses papéis, de maneira a captar a valorização das ações da Usiminas ocorrida entre julho e setembro. A empresa optou por não fazer.