Título: PSDB recupera poder em Teresina
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2012, Política, p. A22

O PSDB alcançou seu objetivo de retomar o poder em Teresina, com a eleição de Firmino Filho, que já comandou a cidade entre 1996 e 2004. O atual prefeito, Elmano Férrer (PTB), não conseguiu se reeleger, mesmo contanto com apoios importantes do governador do Estado, Wilson Martins (PSB), e do senador Wellington Dias (PT), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

A eleição foi apertada e só pôde ser considerada definida quando mais de 99% das urnas haviam sido apuradas. Firmino Filho registrou 212,7 mil votos, ou 51,54% dos votos válidos, contra 48,46% de Elmano Férrer.

O PSDB retoma o poder da cidade que comandou por mais de 20 anos. O partido deixou a prefeitura em 2010, quando o tucano Silvio Mendes se desincompatibilizou para concorrer, sem sucesso, ao governo do Estado - deixando o vice, Férrer, na prefeitura.

Firmino assumiu a prefeitura pela primeira vez em 1996, sendo reeleito em 2000, no primeiro turno, mas não consegui se eleger governador, em 2006. Atualmente, é deputado estadual.

O novo prefeito de Teresina é natural da cidade. Graduado em economia pela Universidade Federal de Pernambuco, é mestre pela Universidade de Illinois, nos EUA. Ele é funcionário do Tribunal de Contas da União e professor da Universidade Federal do Piauí.

A vitória na capital do Piauí, no entanto, não foi suficiente para ampliar o poder tucano no Estado, já que o partido terminou a eleição como a sexta força política, com apenas 17 prefeituras - sem contar municípios com pendências judiciais -, três a mais do que tinha antes do pleito.

Além disso, o partido elegeu apenas dois vereadores em Teresina, das 29 cadeiras disponíveis. O PTB, do atual prefeito, elegeu quatro vereadores, a maior bancada. O PSB, do governador Wilson Martins, PT e PTC ficaram com três cadeiras cada.

A minoria na câmara pode se tornar um problema para o novo prefeito, já que os tucanos ficaram isolados durante a disputa em Teresina. O único apoio que o partido recebeu durante a campanha para o segundo turno foi do radialista local Beto Rêgo, que disputou a eleição pelo PSB - contrariando indicação do partido.

O PSB, aliás, pode ser considerado o grande vencedor nessas eleições. Mesmo sem conseguir eleger o prefeito da capital, o partido do governador venceu em 54 cidades, incluindo dois dos maiores colégios eleitorais: Floriano e Piripiri. Antes do pleito, o PSB comandava 38 cidades.

O PTB, que tinha 72 prefeitos, recuou para 41, além de perder a capital, mas se mantém como a segunda força do Estado. O PMDB perdeu 10 municípios e agora tem 25. O PT tem 21.

O governador, Wilson Martins, afirmou que trabalhará em conjunto com o novo prefeito, independentemente do vencedor. Ele ressaltou ainda que a prioridade é investir no desenvolvimento rodoviário de Teresina. Mas é evidente que a colaboração ficará restrita às alianças que devem se formar para as eleições estadual e federal de 2014.

As reviravoltas de apoios na cidade ao longo da campanha para a prefeitura da capital já apontam cenário de disputas apertadas para a eleição estadual. O atual prefeito, que era vice do PSDB, resolveu disputar a eleição contra o partido que o colocou no Palácio da Cidade. O PSB fez algo semelhante com o PT, já que os petistas apoiaram Martins nas últimas eleições estaduais, mas o governador, um ex-tucano, reduziu o espaço do PT em seu governo.