Título: Otimismo resiste apesar da queda do início deste a
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2005, Eu&, p. D1

Otimismo resiste apesar da queda do início deste ano De São Paulo

Depois de dois anos de exuberância, 2005 começou com uma forte queda das ações. Sérgio Goldman, chefe de análise da Unibanco Corretora, acha, porém, que não é hora de mudar o cenário positivo para este ano. "Estamos recomendando aos clientes aproveitar para comprar", diz. Para ele, a queda reflete muito mais uma realização de lucros, depois do movimento de alta iniciado no terceiro trimestre de 2004. "A perspectiva para a bolsa continua excelente, com a continuidade do crescimento econômico", diz. Ele acredita que o juro mais alto não deve afetar o crescimento, como mostrou o aumento dos investimentos no último trimestre. O grande risco é o mercado internacional, de uma alta mais acentuada nos juros americanos, "mas esse é um receio que já vem desde o ano passado", lembra. Ele estima que o Ibovespa possa chegar aos 33.500 pontos no fim de 2005, com um risco-Brasil de 425 pontos. Os setores mais favorecidos devem ser os voltados para economia doméstica, como bancos, telefonia fixa e os ligados ao consumo, como varejo, alimentos e bebidas. Três recomendações da Unibanco Corretora são AmBev, Sadia e Perdigão. As principais apostas para este ano devem ser telefonia fixa, petróleo e petroquímica, diz Vladimir Caramaschi, economista da Fator Corretora. No caso do petróleo, os aumentos de preços internos aliados à queda dos internacionais beneficiam a Petrobras e a Ipiranga Distribuidora. Já na petroquímica, o ciclo de alta dos preços dos produtos finais deve continuar até meados de 2006, beneficiando as empresas. Nesse setor, as oportunidades estariam em Braskem e Copesul, que ainda teriam espaço para subir. Nas teles fixas, os preços das ações não subiram tanto nos últimos dois anos, por conta do medo em relação a problemas regulatórios e pelos processos de reestruturação de algumas empresas. Em 2005, a expectativa é de que eles se recuperem, acompanhando o crescimento dos lucros, que apareceu já no ano passado. As sugestões da Fator são Telemar, Brasil Telecom e Telesp fixa. Para o chefe de análise do banco UBS, Marcelo Mesquita, as ações de teles e elétricas devem sair do jejum de bons desempenhos que sofreram nos últimos dois anos. "O governo já percebeu que precisa regular direito para atrair investimentos aos dois setores, o que é crucial para o crescimento do país", diz Mesquita. As perspectivas das teles ainda são melhores, segundo Mesquita, pois as empresas possuem gestão privada, diferente de uma boa fatia das elétricas, ainda estatais. Já as ações ligadas a commodities devem começar a ter uma performance pior que a bolsa, uma vez que o crescimento do PIB mundial deve arrefecer. "Sem contar que a apreciação do real prejudica a exportação." Já a área de análise do Banif Investment Banking, continua apostando na força dos papéis de commodities. "Não dá para achar que o futuro é sombrio, com as perspectivas de crescimento da China de 8,7% em 2005 e 7,5% pelos cinco anos seguintes", diz o chefe de análise Nami Neneas. (Colaborou Daniele Camba)