Título: Cotação está abaixo de US$ 60, mas gasolina e diesel são mais caros no país
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2007, Empresas, p. B6

A redução do preço do petróleo no fim de 2006 atingiu em parte os resultados da Petrobras no último trimestre. Mas a estatal, que reportou lucro abaixo do esperado pelo mercado no quarto trimestre, não foi a única das petrolíferas que sentiu o impacto da perda de fôlego da commodity no mundo.

A julgar pelos primeiros passos do petróleo no mercado internacional neste início de 2007, é possível imaginar que o tempo de vacas gordas ficou para trás. "O preço médio global da commodity ficará entre US$ 55 e US$ 60 neste ano", afirma o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE).

Pires não está sozinho nesta análise. O sentimento geral é que o petróleo não ultrapasse os US$ 60, como média, ao longo de 2007. "Ainda trabalhamos com um valor médio de US$ 57 para o produto do tipo WTI para 2007", afirma Luiz Otávio Broad , analista de petróleo da Ágora Corretora.

Nessa linha, é provável que a Petrobras tenha perdido uma grande oportunidade de promover um reajuste de preços de derivados como gasolina, óleo diesel e gás de cozinha no ano passado por aqui, quando o petróleo do tipo Brent, por exemplo, disparou em Londres e chegou a ser negociado a US$ 78,30 em agosto de 2006. A estatal, contudo, que diz não tomar decisões de curto prazo, não elevou os preços na época, mas, por outro lado, também não os reduziu quando a cotação do óleo caiu.

O economista Adriano Pires resolveu se debruçar sobre um período maior e estabeleceu uma comparação média entre o preço do litro da gasolina e do óleo diesel no Brasil e no golfo americano. Para isso, analisou os valores praticados aqui e lá entre setembro de 2006 e janeiro de 2007. O resultado apontou um preço mais caro no Brasil.

Neste período, portanto, o valor da gasolina no país de US$ 0,46 por litro ficou 26% mais caro na média que o praticado no golfo dos Estados Unidos. Já no diesel, o litro do produto brasileiro foi negociado a um valor 10% maior que o registrado naquela região. Os preços não levam em consideração a margem das distribuidoras de combustíveis.

O fato é que o petróleo voltou a subir no mundo. Ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, a commodity para março do tipo WTI foi negociada a US$ 59,06, alta de US$ 1,25. Já na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, o produto Brent também para março foi vendido a US$ 57,03, incremento de US$ 0,43.

A subida da commodity, contudo, refletiu o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Segundo a entidade, o consumo diário de petróleo no mundo subirá 1,8% e alcançará 86 milhões de barris por dia durante 2007.

"O incremento da demanda previsto pela IEA estabeleceu um piso temporário para o mercado", afirma John Kilduff, vice presidente de gerenciamento de risco da Fimat USA, baseado em Nova York. "A menos que você veja uma recessão nos Estados Unidos ou uma queda da demanda por parte da China, os fundamentos do mercado são muito suportáveis", afirmou Helen Henton, responsável pela análise de commodities da Standard Chartered Plc. (Com agências internacionais)