Título: Operadoras móveis querem assinante de internet rápida
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 27/03/2007, Empresas, p. B4

As operadoras de telefonia móvel começam a olhar para o mercado de banda larga - segmento que, em 2006, cresceu mais de 40% em número de assinantes e tem tudo para continuar em ritmo acelerado neste ano.

A Telemig Celular anunciou ontem um contrato com a Ericsson para atualizar sua rede para o WCDMA, tecnologia da terceira geração, mesmo antes do leilão de licenças de 3G. A operadora mineira implantará a tecnologia na versão HSPA, uma "cobertura" que dá maior velocidade à transmissão de dados.

"Isso vai nos permitir entrar num segmento onde hoje não estamos: o de banda larga", afirmou o presidente da Telemig, André Mastrobuono.

Em uma semana, foi a segunda manifestação de interesse das teles móveis no mercado de conexões rápidas à internet. Na última terça-feira, o presidente da TIM, Mario Cesar Pereira de Araujo, defendeu que a Anatel realize logo o leilão de 3G, ponderando que esse é o caminho para que as empresas de celular possam surfar a onda da banda larga.

"É a maneira de as operadoras móveis chegarem à casa dos clientes com uma oferta competitiva de banda larga. Eu quero a competição", destacou Araujo. A TIM está interessada também no WiMax, outra tecnologia de acesso à internet sem fio.

Os acessos à internet em alta velocidade já são o item que mais cresce na receita das operadoras de telefonia fixa e de TV paga. Agora, as prestadoras de celular querem um pedaço do bolo.

Não é por acaso. O Brasil fechou o ano passado com 5,7 milhões de conexões de banda larga, o que mostra um aumento de 41,3% frente a 2005, segundo estudo realizado pelo IDC, empresa de pesquisas em tecnologia, em parceria com a Cisco.

Dois fatores principais contribuíram para a expansão do mercado e continuam acontecendo neste ano. Um foi o aumento das vendas de computadores. O outro foi a competição entre as teles e as operadoras de TV por assinatura, que ajudou a reduzir o preço dos serviços. A queda foi de 8%, em média, no segundo semestre.

"O mercado de voz não tem muito mais espaço para crescer no Brasil, mas o de transmissão de dados, sim", observou Brendan Conroy, analista sênior de telecomunicações no IDC. "Por isso, as operadoras estão olhando para a 3G e o WiMax." Para ele, os grandes limitadores do HSPA que a Telemig quer implantar são o preço dos aparelhos e a falta de aplicativos de conteúdo que atraiam os consumidores.

Mastrobuono, entretanto, ponderou que há um barateamento rápido dos terminais e afirmou que o preço e o formato do serviço serão compatíveis com as ofertas das teles fixas. De acordo com o executivo, a Telemig irá entregar banda larga com velocidade média de 1 megabit por segundo (Mbps) a 2 Mbps.

O objetivo da operadora mineira é vender não apenas celulares, mas placas que captam o sinal de telefonia móvel e, plugadas ao computador, permitem o acesso à banda larga sem fio.

Com foco principalmente nas empresas, a Vivo atua nesse mercado desde 2004, quando começou a vender placas de conexão à internet que atingem velocidade de 300 quilobits por segundo (kbps) a 800 kbps. De acordo com informações da assessoria de imprensa, a operadora tem hoje pouco mais de 100 mil assinantes do serviço, que pagam entre R$ 49,90 e R$ 139,90 (plano ilimitado) por mês.

"Há uma tendência de migração da banda larga em sistemas fixos para a mobilidade, assim como aconteceu com o mercado de voz", afirmou o vice-presidente de tecnologia e marketing da Ericsson, Jesper Rhode. A estimativa da companhia sueca é a de que haverá 1,5 bilhão de assinantes de de internet rápida no mundo em 2011 e a maioria será de usuários de acessos móveis.

A Ericsson é o maior fornecedor mundial de infra-estrutura para 3G e, portanto, um dos principais interessados em incentivar a adesão à tecnologia. Segundo a empresa já existem redes HSPA instaladas em 54 países.