Título: Petróleo tem maior preço de 2007 e já preocupa clientes
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 27/03/2007, Empresas, p. B7

O preço do barril do petróleo acentuou sua trajetória de alta ontem e alcançou a sua maior cotação em 2007. Com isso, a commodity completa quatro pregões consecutivos de valorização e já começa a chamar a atenção dos setores da economia que estão atrelados a seus derivados.

Ontem, o petróleo do tipo WTI para maio de 2007 foi negociado a US$ 62,91 na Bolsa Mercantil de Nova York, um acréscimo de 63 centavos de dólar. Já o barril do Brent também para maio foi vendido a US$ 64,41, alta de US$ 1,23. Nesses últimos quatro pregões, o WTI acumulou uma valorização de 6,18%, ao passo que o Brent aumentou em 6,99%.

Mesmo sendo cedo para bater o martelo quanto a reajustes, o fato é que as companhias já começam a rascunhar cenários futuros. É o caso, por exemplo, da sueca Nynas. Com o controle dividido meio a meio entre a estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA, e a finlandesa Neste, a companhia prevê um preço para o barril de petróleo oscilando entre US$ 62 e US$ 69 em 2007.

"Nós desenhamos nossa estratégia para 2007 levando em conta essa faixa de preços. Mas a queda no valor do petróleo no início deste ano se refletiu na cotação dos nossos produtos. Os óleos básicos tiveram valores mais baixos em março e também em abril, mas se o petróleo mantiver esse viés de recuperação, já vislumbro algum incremento de preços para maio", afirma Endre Kallay, gerente-geral do grupo sueco no Brasil.

A avaliação de Kallay se baseia nos últimos informativos da corporação. De acordo com a Nynas, o crescimento global da demanda por petróleo é robusto e os estoques dos Estados Unidos estão em queda. A combinação desses dois fatores já deverá trazer alguma pressão sobre os preços da commodity.

Outro setor que é sensível a uma alta do petróleo é a petroquímica. Consumidora de nafta, insumo usado para fomentar a cadeia de plásticos, a indústria vem observando a valorização dessa matéria-prima em março.

Solange Stumpf, sócia-executiva da consultoria especializada na indústria petroquímica, a Maxiquim, informa que a tonelada da nafta tem aumentado nos últimos meses. Se entre janeiro e fevereiro deste ano o insumo caiu de R$ 1,183 mil para R$ 1,1 mil por tonelada, o mesmo não se pode dizer sobre março. Neste mês, a tonelada do insumo será de R$ 1,167 mil e em abril ficará provavelmente em R$ 1,25 mil.

"Estamos cientes que há um viés de alta. Embora, achamos que não haja sustentação alguma. Então, não há previsão de repasses", afirma uma fonte do setor petroquímico.

A alta do petróleo não está baseada somente na queda dos estoques nos Estados Unidos. A commodity também reflete as tensões no Irã, que se agravaram com a captura de 15 militares ingleses recentemente, que segundo os iranianos estavam navegando em suas águas do país. Tanto é assim que comercializadores da commodity temem que uma nova intervenção no Oriente Médio interrompa o fornecimento de petróleo a partir dessa região.

Além disso, a Arábia Saudita informou que reduziu seus embarques de petróleo em 1 milhão de barris. Os sauditas, que fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e são os maiores produtores do mundo, dizem que essa decisão pode interromper a redução de preço ocorrida nos últimos meses. (Com agências internacionais)