Título: Vale a pena financiar
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 02/12/2010, Economia, p. 21

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que, principalmente para os mais pobres, comprar um imóvel a prazo é melhor do que continuar pagando aluguel

Financiar um imóvel é mais vantajoso do que alugar. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comprovam que, enquanto o aluguel compromete 12,3% da renda das famílias brasileiras, o gasto com a prestação de uma moradia é quase a metade disso: 6,7%.

No entendimento dos pesquisadores, o tipo de contrato em cada modalidade é determinante para a diferença entre os dois resultados. A longo prazo, o reajuste no momento da renovação dos aluguéis ¿ geralmente a cada 30 meses ¿ tende a variar conforme as oscilações do mercado. Isso significa que em regiões muito valorizadas, como Brasília, o aluguel pode subir até 50% no ato da renovação. Já no caso das prestações de financiamento o reajuste é fixo e pode até diminuir com o tempo.

Pedro Humberto de Carvalho, pesquisador do Ipea, destaca que, quanto menor a faixa de renda em que a pessoa se encontra, maior é a fatia do orçamento consumida pelo aluguel. ¿As famílias classificadas entre as 25% mais pobres (aquelas com renda de até R$ 913) pagam até 2% do valor de mercado do imóvel, por mês, para alugá-lo, contra uma média de 0,5% entre os mais ricos (com renda superior a R$ 3 mil).¿, comenta. A explicação está no fato de que os mais pobres têm mais dificuldade em oferecer garantias e obter fiadores, o que eleva o risco para quem aluga e, consequentemente, aumenta o preço do aluguel.

O levantamento Evolução das despesas com habitação e transporte público nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF): análise preliminar ¿ 2002-2009 constatou ainda que, devido a esta situação, o grau de comprometimento da renda dos mais pobres com o aluguel é de 20%, oito pontos, contra uma fatia de 5% do orçamento dos mais ricos. A desigualdade se repete na análise do gasto com transporte público: os mais pobres destinam 9% do que ganham a passagens, enquanto os mais ricos, apenas 1,5%. Neste caso, a explicação é simples já que, como as tarifas são fixas, quanto maior a renda, menor o comprometimento com esse tipo de despesa.

Interurbano mais caro » A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou o reajuste de 0,66% para as tarifas de ligações interurbanas da Embratel. Até o fechamento desta edição, a Embratel ainda não havia definido a partir de quando os novos valores passarão a ser cobrados. O aumento poderá ser aplicado em ligações de fixo para fixo em 16 tipo de diferentes de tarifas que variam conforme o horário ¿ diferenciada, normal, reduzida e super-reduzida ¿ e em relação à distância entre as localidades em que ocorre a chamada (degrau tarifário). As distâncias são divididas em quatro tipos e variam entre menor do que 50km até superior a 300km. De acordo com a reguladora, o cálculo do reajuste considerou o fator de crescimento de 3,7% entre 2009 e 2010 e a variação do Índice de Serviços de Telecomunicações (IST) de 4,5%.