Título: Brasil rejeita criação do Banco do Sul
Autor: Totti, Paulo
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2007, Brasil, p. A5

A área econômica do governo brasileiro é contra a proposta do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de criar o Banco do Sul. O Brasil considera mais eficaz usar os mecanismos já existentes para financiar demandas da América do Sul. "Acredito que é complicado criar um novo organismo financeiro, porque implica criar outra estrutura", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A sugestão brasileira é utilizar o BNDES, do Brasil, o Banco da Nação Argentina e o Banco do Desenvolvimento da Venezuela.

"Não descarto a criação do banco, mas sabemos pela experiência que criar algo do zero e pôr para funcionar leva tempo. É melhor colocar em funcionamento o que já existe e sair em velocidade máxima", disse o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Antes de chegar ao Brasil, Chávez disse, em Caracas, que a Venezuela estaria pronta a colocar 10% de suas reservas no Banco do Sul. "Nada impede que no futuro, caminhemos para um banco maior, mas, em um primeiro momento, acredito que a proposta brasileira é a mais eficaz", disse Mantega.

Segundo Furlan, o BNDES vai fazer um aporte de US$ 200 milhões na Corporação Andina de Fomento (CAF), mais uma iniciativa de melhorar os sistemas de financiamento na América do Sul. BNDES e CAF atuarão de forma complementar. O primeiro financiará exportação de matérias-primas e insumos produzidos no Brasil e a CAF entrará com recursos para outros custos locais das obras.

Outra iniciativa que está em negociação é a possibilidade de Brasil e Argentina usarem suas moedas locais para trocar produtos entre si, em vez do dólar. Segundo Mantega, o mecanismo deve estar pronto até a metade do ano. Uruguai e Paraguai estão preocupados com a mudança e, por enquanto, descartam abandonar o dólar em suas trocas com os demais países do bloco. "Não é fácil essa troca do dólar para moedas nacionais", disse o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Reinaldo Gargano, para quem essa é uma negociação de Brasil e Argentina. (RL e FG)