Título: Equador cogita pagar apenas 40% de sua dívida
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Fonte: Valor Econômico, 19/01/2007, Internacional, p. A13

O ministro da Economia do Equador, Ricardo Patiño, anunciou ontem a um grupo de investidores que a maior parte da dívida externa do país é "ilegítima" e que o governo poderá pagar somente 40% do total. A afirmação foi divulgada pelo Citigroup.

Patiño - que assumiu a pasta na segunda-feira, no mesmo dia da posse do novo presidente Rafael Correa - declarou aos investidores em Quito que a dívida é "um fardo para o Equador, que inibe o crescimento" e tira recursos de áreas sociais, acrescentou o Citigroup em uma nota distribuída para seus clientes. Foi o banco que organizou o encontro, ocorrido no Ministério.

"Ele argumentou que pela primeira vez em muitos anos os investidores vão lidar com um ministro das Finanças determinado a defender e priorizar os gastos sociais em vez do serviço da dívida externa ou doméstica", relataram os analistas do Citigroup Don Hanna e Jose Wynne, que assinam o comunicado.

A estimativa de Patiño para redução da dívida é a primeira indicação dada pelo novo governo sobre quanto pretende pagar aos credores do país.

Correa vem dizendo nos últimos meses - sem nunca ter dado detalhes - que planeja reestruturar a dívida externa do país, de US$ 10,3 bilhões. A maior parte (US$ 4,1 bilhões) se refere a débitos com organismos internacionais, segundo o Banco Central. Outros US$ 3,8 bilhões se referem aos débitos com os detentores dos títulos do governo. O resto da dívida é com com governos estrangeiros, Clube de Paris, entre outros.

Segundo o jornal equatoriano "El Comercio", os planos reestruturação de Patiño dizem respeito à dívida com os donos de títulos. E acrescentou que Patiño considera como opções a diminuição da taxa de juros ou a ampliação dos prazos de pagamento.

O jornal disse ainda que o ministro lançará nos próximos meses um processo de reestruturação com a assessoria da equipe que chefiou a renegociação da dívida na Argentina. Para isso "vamos conversar particularmente com (os detentores dos títulos que vencem em) 2012 e 2030. Quando entrou em default, a Argentina renegociou seus títulos prometendo pagar apenas 25% do valor do papel.

O ministério disse que Patiño apresentou aos investidores uma visão geral dos planos do governo sobre a dívida. Mas a porta-voz do ministério se recusou a fazer qualquer comentário adicional.