Título: Aumento de produção melhoraria resultado
Autor: Schüffner , Cláudia ; Nogueira , Marta
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2012, Empresas, p. B7

Entre os pontos que estão sob domínio da Petrobras - o que não inclui reajuste de preços de derivados - o crescimento da produção de petróleo no Brasil poderia ao menos amenizar o impacto negativo trazido pela importação de combustível, que é vendido abaixo do preço de custo no país.

Com volume maior de óleo produzido, diminuiria a necessidade de compras no exterior, bem como haveria a possibilidade de se exportar mais óleo bruto, aproveitando os preços mais altos no mercado externo. Infe- lizmente, por inúmeros fatores, incluindo alguns alheios ao controle da companhia, as notícias não são boas nessa área.

O diretor de exploração e produção da Petrobras, José Formigli, disse ontem que em outubro a produção deve ficar em torno de 1,94 milhão de barris/dia, se recuperando do tombo de 4,4% registrado em setembro, quando somou 1,84 milhão de barris diários, retomando níveis de 2008. Afirmou também que o ritmo deve melhorar até o fim do ano, com a entrada de novos poços conectados à plataforma Cidade de Anchieta, no campo Baleia Azul.

Formigli atribuiu a performance de setembro a paradas programadas das plataformas P-52 (no campo de Roncador) e P-19 (em Marlim), e a problemas operacionais na P-57 (Jubarte) e no sistema de bombeio centrífugo submerso da P-53 (Marlim Leste).

De janeiro a outubro a produção média diária ficou em 1,97 milhão, o que significa uma queda de 2,6% ante o resultado do ano passado. A meta é manter a produção de 2011, com possível oscilação de 2% para mais ou para menos.

Mais importante do que questões circunstanciais que podem afetar a produção em um mês ou outro, é evitar a tendência de declínio da produção em poços maduros na bacia de Campos, que ainda concentra a maior parte de sua produção do Brasil.

De olho nisso, a companhia está, corretamente, investindo pesadamente no Proef, para corrigir a queda de produção na região que não está relacionada à depleção natural, que é queda da produção por esvaziamento do reservatório que tem depósitos de petróleo que são finitos. O índice de depleção natural da Petrobras é de 11% ano, mas na bacia de Campos em alguns campos gigantes como Marlim e Albacora a produção está caindo fortemente. Em Roncador, a produção caiu de 260 mil barris/dia em agosto para 174 mil barris/dia em setembro.

O Credit Suisse, que primeiro chamou a atenção para o rápido declínio da produção da Petrobras na bacia de Campos acima da média história da companhia (que é de 7% a 10% ao ano), observou em recente relatório, que a Agência Internacional de Energia (AIE) estimou recentemente em 12% a queda anual da produção em 700 poços analisados pelo organismo no primeiro semestre de 2012. Segundo o banco, a queda estimada pela AIE é inferior à verificada entre 2009 e 2011, quando o declínio médio na região foi de 20%. Mas o banco ressalta que o dado da pesquisa mostra grande variação, com alguns poços apresentando queda de 30% e outros de menos de 8%. O Credit Suisse também observa que a AIE achou surpreendente o fato de a Petrobras estar produzindo atualmente 60% mais água do que petróleo em Campos, o que é um indicador de futuras taxas de declínio. O banco estimava um índice de 40%.