Título: Mercado reduz projeção para dólar
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2007, Brasil, p. A4

O mercado revisou para baixo suas previsões para a taxa de câmbio no fim deste ano e também no próximo. O relatório divulgado ontem pelo Banco Central (BC) mostra que os cerca de 100 analistas ouvidos semanalmente esperam um dólar de R$ 2,12 em dezembro de 2007, abaixo do R$ 2,15 da semana anterior. A estimativa para o fim de 2008 caiu de R$ 2,22 para R$ 2,20. Em dezembro do ano passado, o mercado apostava num câmbio de R$ 2,25 no fim deste ano e de R$ 2,35 no fim do ano que vem.

Para os economistas do Credit Suisse, a queda das projeções do mercado "é uma resposta ao forte influxo recente de dólares para a economia brasileira". O banco lembra que as reservas internacionais aumentaram de US$ 85,8 bilhões no fim de 2006 para US$ 105,6 bilhões em 9 de março, com o Banco Central comprando nesse período US$ 18 bilhões no mercado. Há uma ampla oferta de moeda americana devido a fatores como o elevado saldo comercial e os significativos fluxos de investimentos estrangeiros diretos. Além disso, há várias ofertas públicas de ações que têm atraído capital estrangeiro para o país.

Nesse cenário, a crise nos mercados internacionais não afetou as previsões dos analistas para a taxa de câmbio. Desde o tombo da Bolsa de Xangai, em 27 de fevereiro, as previsões para o dólar no fim deste ano ficaram praticamente inalteradas: elas caíram de R$ 2,15 para R$ 2,14 na pesquisa de 2 de março, subiram a R$ 2,15 uma semana depois e recuaram para os atuais R$ 2,12. No caso da taxa de câmbio para o fim de 2008, as previsões caíram ficaram a maior parte do tempo estáveis em R$ 2,22.

Os números divulgados ontem pelo BC mostraram estabilidade das estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2007 e 2008 em relação à semana anterior. Os analistas esperam um IPCA de 3,87% neste ano e de 4% no ano que vem, bem abaixo do centro da meta de inflação, de 4,5% nos dois casos - percentual também defendido para 2009 pelo ministro da Fazenda Guido Mantega.

O Credit Suisse tem previsões ainda mais otimistas que o mercado, prevendo que o IPCA, que que serve de referência para o regime de metas, termine o ano com alta de 3,2%. O banco projeta um indicador acumulado de 0,4% no segundo trimestre de 2007, bem abaixo do 0,7% estimado pelos analistas ouvidos pelo BC.

Para o banco, há vários fatores que vão contribuir para uma inflação mais comportada: a sazonalidade favorável dos preços dos produtos agrícolas, o menor impacto dos reajustes de tarifas públicas, a menor inflação de serviços e a redução dos preços do álcool por causa da entrada da safra de cana-de-açúcar.

No relatório divulgado pelo BC, as expectativas para a taxa Selic também ficaram inalteradas nesta semana. As apostas são de que os juros vão terminar 2007 em 11,5% e 2008 em 10,5% ao ano. A Selic atual é de 12,75%.

A avaliação do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai manter a estratégia de cortes graduais dos juros. Para a reunião de abril, por exemplo, as estimativas são de mais um corte de 0,25 ponto percentual.

As previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 se mantém estáveis há 29 semanas. O mercado aposta num crescimento de 3,5% neste ano, uma aceleração em relação aos 2,9% registrados no ano passado, mas bem abaixo dos 5% esperados por setores do governo. Para o ano que vem, a expectativa também é de um expansão do PIB de 3,5%, previsão que se mantém há nove semanas.