Título: Marta Suplicy aceita Turismo sem Infraero
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2007, Política, p. A10

A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, foi convidada ontem e aceitou ser ministra do Turismo, durante audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tomará posse na sexta-feira desta semana. Ao contrário do que ela e seu grupo no PT desejavam, porém, a Infraero não será acoplada à Pasta, como uma alternativa cogitada "turbinar" um ministério de menor visibilidade política. Em um primeiro momento, Marta disse que a transferência da Infraero para o Turismo - hoje a estatal está subordinada ao Ministério da Defesa - não havia sido tratada no encontro. Em seguida, questionada sobre o caos nos aeroportos, afirmou que não poderia "falar sobre uma área que não era sua". E acrescentou: "O presidente Lula declarou que não é o momento de a Infraero mudar de lugar".

Marta também assegurou que, durante o encontro com o presidente, não foi discutida a disputa pela Prefeitura de São Paulo, no ano que vem. Lula tem dito a interlocutores próximos que as condições para convidar a ex-prefeita para integrar sua equipe seria a permanência dela durante os quatro anos de governo. Marta acalenta o projeto de concorrer à prefeitura em 2008 ou ser a indicada para suceder Lula em 2010: "Estou entrando no ministério. Deixa eu entrar, gente, fazer o que eu tenho que fazer, sou uma fazedora".

Marta não polemizou diante do fato de estar sendo indicada para um ministério de menor expressão. Desde o fim do ano passado, seu nome vem sendo citado para as Pastas da Educação e, sua primeira opção, Cidades. "O presidente sabe o meu potencial, o que eu posso fazer. Não tinha uma demanda específica sobre nenhuma Pasta", negou ela.

Segundo Marta, Walfrido dos Mares Guias também será empossado na sexta-feira, como articulador político do governo. A petista não poupou elogios ao seu antecessor. "Sei que ele fez um excelente trabalho. Estou me atualizando sobre o que ele fez, quero entender da área, escutar muito. O Brasil tem um potencial muito grande".

A nova ministra do Turismo, antes da audiência com Lula, foi mais uma vítima do caos dos aeroportos. Ela esperou quase duas horas antes de conseguir embarcar em São Paulo. "Não foi um caos, pois estava organizado. Mas a espera foi desgastante. É um problema sério, que desgasta a imagem do Brasil e os brasileiros", declarou.

No fim da noite, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP) e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), foram ao Planalto apresentar um novo nome para o Ministério da Agricultura. A nova indicação aconteceu dois dias depois do escolhido por Lula, Odílio Balbinotti (PR), desistir da Pasta, acuado pelos processos por falsidade ideológica que respondia no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao sair da reunião, Temer informou que a decisão do presidente deve ser tomada ainda hoje.

Assessores do Planalto culparam Temer pelo "desconhecimento" das denúncias contra o pemedebista, mas o nome foi posto na lista, a pedido dos governadores do Paraná e do Mato Grosso, por orientação do próprio presidente. Desde o início do governo Lula, é regra que pessoas indicadas para cargos de confiança serem investigadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) divulgou nota, ontem, eximindo-se de culpa e afirmando que a Abin, de fato, realiza esses trabalhos rotineiramente, mas que "permanecem sigilosas as pessoas que já foram, estão, ou serão cogitadas, bem como a metodologia do levantamento e os prazos necessários", esclarece a nota.

Lula também reuniu-se ontem com o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto, cotado para reassumir a Pasta. Rossetto foi derrotado na disputa para o Senado pelo PT gaúcho e acalenta a intenção de presidir a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), como uma forma de preparar terreno para concorrer à Prefeitura de Porto Alegre em 2008. Até por isso, sinalizou ao presidente que deve recusar o convite. O ex-ministro disse que a reunião com Lula não foi definitiva. " Vamos ter outras conversas " , afirmou. (Com agências noticiosas)