Título: Pine e Cruzeiro do Sul elevam capital
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini e Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2007, Finanças, p. C1

Os bancos pequenos e médios estão ampliando seu patrimônio líquido antes da emissão inicial de ações. A idéia é crescer mais rapidamente anteriormente ao IPO (do inglês "initial public offering") e captar mais recursos na emissão de ações para crescer aceleradamente depois do IPO.

Os acionistas do Banco Pine, que deve ser o primeiro a abrir o capital, e também os do Banco Cruzeiro do Sul acabam de injetar recursos nos seus bancos. Para tanto, tomaram dinheiro emprestado dos bancos de investimento que estão coordenando a emissão inicial de ações, o Credit Suisse e o UBS Pactual, respectivamente, segundo apurou o Valor. Outros bancos que pretendem vir a mercado podem adotar o procedimento, visto que os bancos de investimento estão eles próprios recomendando essa prática que permite uma alavancagem do "IPO" e um crescimento mais rápido da instituição financeira no curto prazo.

Os acionistas do Banco Pine injetaram R$ 98,504 milhões em 22 de dezembro de 2006, ampliando o capital da instituição financeira para R$ 335,2 milhões, segundo prospecto enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, o patrimônio líquido cresceu 60% em relação aos R$ 208,883 milhões do final do ano retrasado.

Já o Cruzeiro do Sul também ampliou seu capital em cerca de 60% com relação ao final de 2005, para R$ 262,1 milhões, após a injeção de capital de R$ 112,5 milhões dos acionistas controladores, informa em seu prospecto à CVM.

Com mais capital à disposição neste momento e a perspectiva de obter ainda mais recursos, os bancos que já estão em processo adiantado de abertura de emissão inicial de ações estão preocupando os concorrentes, que temem ficar para trás dos mais capitalizados. Por isso, instituições financeiras que não cogitavam partir para o IPO estão se abrindo a essa possibilidade. O Valor ouviu falar nos nomes do BicBanco, que teria contratado o UBS Pactual, do Panamericano, do Bonsucesso, do Fibra, do Daycoval, do Mercantil do Brasil e até mesmo do Banco Schahin. Já entraram com pedido na CVM, além do Pine e do Cruzeiro do Sul, o Sofisa e o Paraná Banco.

No IPO, os bancos tentam vender ao investidor sua perspectiva de rentabilidade futura. Um banco com perspectiva maior de rentabilidade, como por exemplo o Itaú, é negociado por um múltiplo mais alto em relação ao seu patrimônio líquido. O valor de mercado do Itaú é hoje em torno de quatro vezes seu patrimônio líquido. Já o BMC e o Cacique foram vendidos neste ano ao Bradesco e ao Société Générale, respectivamente, por aproximadamente três vezes seu patrimônio líquido.

É importante notar que, ao ampliar seu capital, os bancos passam a ter, pelo menos em um primeiro momento, até pôr esse capital para funcionar, retorno menor sobre o capital, o que pode durar mais do que um ano. Além disso, precisam captar para gerar ativos. Há rumores de que o Cruzeiro do Sul estaria para fazer nova captação externa, segundo o "IFR Markets".(CPL)