Título: Lula terá assessoria de grupo de empresários
Autor: Leo, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Brasil, p. A10

Um grupo de oito importantes executivos brasileiros, coordenado pelo presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, passará a assessorar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas relações entre Brasil e Estados Unidos, para aconselhar o governo em decisões de política econômica que afetem as relações bilaterais em temas como comércio, investimentos, trocas de tecnologia e medidas para estimular a competitividade.

O conselho, ou "Fórum de CEOs", como é tratado pelo governo americano, terá oito empresários brasileiros e oito americanos, e é um dos principais anúncios que Lula pretende fazer em sua visita aos Estados Unidos, que começa amanhã.

Além do presidente da Coteminas, participarão do conselho, pelo Brasil, os empresários Jorge Gerdau (Gerdau), Maurício Botelho (Embraer), Marcelo Odebrecht (Odebrecht), José Cutrale (Cutrale), Carlos Alberto Vieira (Banco Safra), Carlos Ermirio de Moraes (Votorantim) Marco Stefanini (Stefanini Solutions). Os Estados Unidos mantém organismo semelhante para dar maior influência ao setor privado nas decisões bilaterais, com o governo da Índia e a Comissão Européia, formados por empresários com tradição e peso no comércio e investimentos.

Segundo o documento de criação do conselho, a ser assinado por Lula e pelo presidente dos EUA, George W. Bush, os empresários, todos escolhidos por terem interesses diretamente ligados à relação bilateral Brasil-EUA, aconselharão o governo em temas como decisões de comércio, indústria e investimentos, trocas de tecnologia, medidas para estimular a competitividade e "empreendedorismo".

Do lado brasileiro, o conselho terá interlocução direta com a Casa Civil da Presidência e o ministério do Desenvolvimento; do lado americano, o vínculo será com o presidente do National Economic Council (NEC) e a Secretaria de Comércio da Casa Branca. Discutido entre Lula e Bush durante a visita do americano ao Brasil, no início do mês, o Fórum foi sugerido pela Casa Branca como uma forma de dar maior participação do setor privado e mais consistência ao esforço de aproximação entre os dois governos.

O Fórum terá reuniões formais duas vezes ao ano, uma no Brasil e outra nos Estados Unidos, e, de acordo com um assessor de Lula, não será um órgão de governo, mas, segundo um dos responsáveis pela criação do organismo, um "ponto de contato" entre os setores privados e os governos dois dois países.

A lista foi elaborada a partir de nomes apresentados a Lula pelo ministro demissionário do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan - que argumenta ter procurado incluir quatro executivos de grande experiência e quatro mais novos, entre eles um com atuação na área de tecnologia da informação (Stefanini), todos com atuação agressiva em comércio exterior e investimentos nos EUA. Segundo uma autoridade brasileira que participou da preparação da visita de Lula, a criação do conselho de empresários e os desdobramentos do acordo para cooperação em biocombustíveis serão os principais temas da visita aos EUA.

Antes da chegada de Lula, na noite de sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já estará em Washington, onde terá almoço de trabalho com a secretária de Estado, Condoleeza Rice, com quem conversará sobre temas comuns na agenda bilateral, da rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) à missão de paz no Haiti e a crise no Oriente Médio.