Título: Cisneros se une a chineses para investir no Brasil
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 16/11/2012, Internacional, p. A11

Uma aliança do bilionário venezuelano Gustavo Cisneros com um grande banco chinês planeja investimento no Brasil, "para começar", entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão no ano que vem em projetos de matérias-primas.

Cisneros deu a informação ao Valor à margem de foro sobre empresas ibero-americanas, ontem em Jerez de la Frontera (Espanha), em meio a inquietação nos meios espanhóis com uma virada da América Latina rumo ao Pacífico.

"Brasil, objeto de desejo" é um dos títulos da imprensa de Cádiz, refletindo o interesse espanhol em usar a Cúpula Ibero-americana, que começa hoje, para atrair o Brasil para novas alianças empresariais. Em vários casos, significaria os brasileiros entrarem com capital e os espanhóis com transferência de tecnologia, por exemplo.

Para o jornal "El Pais", a Espanha "busca salva-vidas na América Latina", estimando que a Cúpula se transforma num foro econômico onde o governo espanhol tenta recuperar a condição de melhor sócio dos países ibero-americanos.

Gustavo Cisneros, considerado um empresário global e com fortuna avaliada em US$ 4,2 bilhões pela revista "Forbes", tem 30 empresas, atua em dezenas de países, incluindo a Espanha, e está ampliando os vínculos com Pequim.

Ele contou que está montando o que chama de "Cisneros China" inicialmente com o China Construction Bank Corporation, um dos maiores do país e com participação estatal. Segundo Cisneros, o primeiro passo será um projeto turístico na República Dominicana estimado em US$ 1 bilhão, que começará construindo três hotéis.

Logo em seguida será a vez de iniciar investimentos em commodities, para exportação, indo de petróleo a agricultura. No caso do Brasil, disse que está "perto de assinar" o projeto de investimento com os chineses. Haverá também sócio local. "Mas não será o Eike Batista, que é meu amigo, mas há grupos locais interessados", disse.

Já sem os chineses, o bilionário tem plano de comprar participação numa emissora de televisão no Brasil em 2013, um projeto antigo. "Temos a experiência positiva da Univision nos EUA, da DirecTV em toda a América Latina. Tivemos muita sorte na distribuição de produção em espanhol e português"", afirmou. "Nos faz falta uma emissora no Brasil, e esperamos entrar mesmo numa pequena." Indagado se estaria negociando com SBT ou Rede TV!, por exemplo, disse que está "falando com todo mundo".

O grupo Cisneros faturou US$ 1,5 bilhão em 2010. Continua expandindo seus negócios no mercado hispânico nos EUA, além de África e Oriente Médio.

Em seminário empresarial, ontem, em Jerez, pequenas e médias empresas espanholas reiteraram o plano de se internacionalizar, sobretudo para o Brasil e ter acesso a financiamento local. Mas não houve anúncios concretos, conforme o presidente da Câmara de Comércio Espanha-Brasil, José Gasset.