Título: Seguradoras miram pequenos negócios e ampliam produtos
Autor: Santiago, Rosângela
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Caderno Especial, p. F8

As vendas de seguro-saúde para pequenas e médias empresas (PME) estão em forte expansão e deverão ser uma das grandes apostas das seguradoras neste ano. A SulAmérica, por exemplo, recentemente se reposicionou diante da expectativa de desempenho desse mercado e focalizou seus esforços nesse nicho, obtendo resultados surpreendentes. A empresa não abre os números, mas admite que somente neste primeiro trimestre já ultrapassou a estimativa de crescimento do ano todo em 27% acima do orçado. A Bradesco Saúde planeja crescer no ano pelo menos 25%, a Marítima Saúde Seguros, 20%, a Porto Seguro entre 15% e 20%, e a Unimed, entre 20% e 25%.

Redescobrir as potencialidades de um país conhecido por seu empreendedorismo foi o que levou a SulAmérica refazer as opções de seguro com cobertura diferenciada para clientes entre 4 e 49 funcionários, com liberdade de escolha de redes diferentes, e também, oferecer mais do que a lei 9656/98 exige, como por exemplo, cobertura de transplantes (coração, pâncreas-rim e pulmão). "Os produtos estão alinhados com a realidade, como ser um instrumento decisivo para retenção de talentos dentro das empresas", justifica o diretor operacional da SulAmérica, Marco Antonio Antunes.

Segundo o executivo da SulAmérica, a empresa vende cerca de 1.800 mil seguros por mês e tem 12 mil empresas na carteira total, contabilizando 120 mil vidas, do qual entre 10 e 20% está o núcleo das PME. "O potencial de ampliação desse segmento é enorme, tanto que já está atraindo forte concorrência. Um bom motivo para o crescimento da demanda está no fato de o produto poder ser mantido quando um colaborador se desliga da empresa", explica Antunes.

De acordo com o presidente da Unimed Seguros, Dalmo Claro de Oliveira, que há 5 anos deixou de atender a pessoa física para se concentrar no mercado de pequenas e médias empresas, o sistema permite transparência para com os clientes, portanto, melhor atendimento. Além disso, o reembolso é facilitado. "O usuário pode escolher qualquer médico que deseje, pois o manual é meramente indicativo, uma oportunidade apreciada pelos clientes o que causa a sensação de migração de quem antes optava pelos planos de saúde".

Outro diferencial está na gestão de pacientes crônicos, prevenção de doenças, vacinações, que acabam resultando em redução de despesas para os empresários. Tem instituição que até oferece uma opção que permite a inclusão de netos cujo parto tenha sido pago pela gestora, estagiários e filhos de segurados (ambos sem limite de idade). Com a mudança de perfil, a Unimed já conta com 80% de sua carteira de clientes PME. O faturamento cresceu 33% no ano passado, quando o número de vidas asseguradas atingiu 123.200, ante a 105.200 de 2005. "Hoje, temos 128 mil vidas e estimamos encerrar 2007, com 150 mil", prevê Oliveira.

Para a Marítima Saúde Seguros a estabilidade de preços verificada em 2006, a manutenção gradativa de uma política econômica de queda de juros e controle inflacionário, o aumento discreto da massa salarial e do crescimento formal do emprego, e somando-se a isso, as projeções do governo com relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), será uma equação satisfatória para o mercado de seguro para PME. "Sem dúvida nenhuma, temos como estratégia principal de crescimento o foco no incremento de ações e produtos direcionados a esse segmento empresarial, reforçando assim a presença nesse mercado. Em 2006, ele gerou um lucro de R$ 8,9 milhões para a companhia, ou seja, 41% superior ao mesmo período de 2005 (R$ 6,3 milhões), representando um retorno de 22,1% sobre o patrimônio líquido", afirma o diretor do ramo saúde da Marítima Murilo Rego Lins.

O prêmio também subiu de patamar, passando de R$ 230,1 milhões para R$ 256,6 milhões, com avanço de 11,5%. Em termos de vidas seguradas o incremento na carteira foi de 12% em relação a 2005. "Tal resultado somente pode ser obtido através de uma política séria de gerenciamento de risco, controle da sinistralidade e despesas administrativas, bem como, em função da qualidade dos produtos e serviços ofertados aos segurados", lembra Lins.

Vislumbrando boas expectativas neste ano, com o aperfeiçoamento dos produtos para empresas com cinco a 99 colaboradores, a Bradesco Saúde se prepara para ampliar de forma substancial a carteira, nomeada de SPG (Seguro de Pequenos Grupos). Já em 2006, o grupo conquistou perto de 42 mil novas vidas e sua carteira cresceu 16%, fechando o ano com mais de 141 mil vidas seguradas. "Acreditamos que a chave do sucesso é a qualidade e a flexibilidade dos produtos ofertados, e também os serviços colocados à disposição dos clientes, tais como facilidades na internet e centrais de atendimento especializadas", garante o diretor geral da Bradesco Saúde, Heráclito de Brito Gomes Júnior.

Além da qualificação da rede de prestadores de serviços referenciados e dos múltiplos de reembolso oferecidos, o seguro-saúde SPG da Bradesco permite a escolha de níveis de co-participação dos segurados em consultas e exames e de valores de franquias no caso de internações. Os seguros também podem ser contratados nas modalidades de adesão de sócios e empregados e na modalidade de inclusão de todo o grupo da empresa, conforme critérios pré-definidos. No caso do seguro dental, a flexibilidade e os serviços igualmente são o fator-chave.

O diretor da Porto Seguro Saúde, Newton Pizzotti, vai mais longe, ampliando sua aposta de constante crescimento nos próximos anos na fatia das PME. Na empresa, o segmento ainda representa uma participação inferior aos demais mercados, de 80 mil pessoas asseguradas, para 350 mil incluindo todas as demais modalidades. "É um produto lucrativo e menos sensível a preço, por isso, estamos treinando bem os corretores que conhecem a necessidade dos executivos que precisam do produto certo para cada tipo de empresa", pondera.