Título: Sindicalistas da CUT expressam contrariedade
Autor: Salgado, Raquel e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2007, Política, p. A16

Com muita surpresa e uma boa dose de contrariedade. Foi assim que os sindicalistas receberam a notícia da mudança de Luiz Marinho do Ministério do Trabalho para o da Previdência Social. Eles temem que projetos iniciados sob o comando do ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) sejam deixados de lado e que a forte interlocução que conseguiram junto a essa pasta também se perca.

A indignação foi tanta que alguns líderes sindicais voaram para Brasília no começo da tarde de ontem para se reunirem com o presidente Lula. Foi o caso do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo. Na terça-feira ele esteve na capital federal para tratar da emenda 3 e defender que os auditores fiscais continuem fiscalizando empresas. Mal chegou a São Paulo e retornou a Brasília para tratar da mudança nos ministérios. "O Marinho fez um ótimo trabalho, tirá-lo de lá é um retrocesso", disse Feijóo.

Com essa mudança, as centrais sindicais perdem espaço no Ministério. Desde julho de 2005, quando Marinho foi nomeado, tanto a CUT quanto a Força Sindical ficaram bem mais perto dessa pasta. E com o passar do tempo, também ficaram mais próximas entre si, já que estiveram quase sempre do mesmo lado ao defender o interesse dos trabalhadores. O passo mais recente dessa aproximação foi dado com a indicação de Luiz Antonio Medeiros, ex-presidente da Força para o cargo de secretário de relações do trabalho, antes ocupado por Osvaldo Bargas.

A perda da CUT é óbvia, já que seu ex-presidente não será mais o principal interlocutor para negociações como a do salário mínimo, terceirização e reformas sindical e trabalhista. "O Marinho deu importância e destaque para o movimento sindical", resume Sérgio Luiz Leite, secretário-executivo da Federação dos Químicos de São Paulo, ligada à Força Sindical.

O presidente da Federação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Alberto Granna, diz que não existe veto ao nome de Carlos Lupi, pedetista que assumirá a pasta. Mas, para os sindicalistas, Marinho seria mais útil se permanecesse onde está. Para Granna a saída também é um passo atrás. "Ele teve um grande papel na política sociais do governo, sobretudo na recomposição do salário mínimo e na correção da tabela do Imposto de Renda."