Título: DF é campeão de gastos em educação
Autor: Menezes, Leilane
Fonte: Correio Braziliense, 02/12/2010, Cidades, p. 40

Na capital federal, cada aluno do ensino básico custa R$ 4,8 mil por ano. Minas Gerais, com metade desse valor, apresenta resultados semelhantes em relação ao aprendizado de português e de matemática pelos estudantes

O Distrito Federal é a unidade da Federação onde mais se investe dinheiro por aluno matriculado no ensino básico, em escola pública no Brasil. Cada estudante custa, ao ano, R$ 4.834,43 para o governo. A informação é da organização não governamental Todos pela educação e foi divulgada ontem. O montante é a soma de gastos com salários de professores, manutenção dos colégios e todos os insumos da escola. A média nacional, em 2009, ficou em R$ 2.948 por aluno.

Em segundo lugar está Roraima, com R$ 4.365,37. Os que têm menor investimento por pessoa são Bahia (R$ 1.766,94), Paraíba (R$ 1.802,39) e Amazonas (R$ 1.868,07). Os dados são referentes ao acompanhamento das cinco metas do movimento para 2012. São elas: acesso, alfabetização até os 8 anos de idade, aprendizado adequado à série, conclusão na idade correta e financiamento e gestão da educação, em todo o país. A pesquisa avaliou também o índice de aprendizado, em português e matemática.

O DF é o campeão nacional de aproveitamento, no ensino básico ¿ até o 5º ano. Nessa etapa, 52,7% dos estudantes tiveram desempenho satisfatório em português e 52% em matemática. ¿Significa que, de cada 100 que terminaram as séries iniciais, 52 aprenderam o que era esperado. No Maranhão, por exemplo, de cada 100 apenas 15 tiveram bom desempenho¿, explicou o conselheiro da Todos pela educação Mozart Neves Ramos.

Gerenciamento Uma comparação, porém, mostra que os recursos talvez não sejam bem gerenciados na capital federal. Em Minas Gerais, onde cada estudante custa ao ano R$ 2.445,80, o nível de aprendizado em língua portuguesa é semelhante ao do DF: 49,6%. Em matemática, constatou-se 51,5%, ao fim do 5º ano. ¿O DF investe o dobro de Minas, mas com resultados similares. Isso mostra que é preciso atenção à questão curricular na capital do país. A formação dos professores do DF precisa ser revista. Até pelo investimento que tem sido feito¿, alertou Ramos.

A análise não significa, entretanto, que há dinheiro demais sendo aplicado. ¿Os países da comunidade europeia investem até 6 mil dólares por aluno. O que precisa é melhorar também a gestão. Há, para citar um problema, diretor indicado politicamente. É preciso profissionalizar a administração. Tornar o currículo atraente fará uma diferença grande¿, explicou o conselheiro. Outra meta cumprida foi o acesso de quem tem entre 4 e 17 anos à escola: 93,9%. A população total em idade escolar do DF é de quase 548 mil crianças, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usados na pesquisa.

Problemas Em contraste com os bons resultados do ensino básico, a qualidade da educação nas séries seguintes no DF mostrou-se muito inferior à esperada. A oitava série (9º ano) teve apenas 34,7% de aproveitamento em português e 22,55% em matemática (nessa disciplina a meta era de 31,7%). O 3º ano do ensino médio mostrou desempenho de 38,3% em português ¿ quando esperava-se 44% ¿ e 17,6% em matemática, na qual o mínimo deveria ser 27,9%. ¿A qualidade observada nas séries iniciais não se perpetua ao longo da educação. Muito precisa ser revisto¿, alertou Ramos.

A meta 4 da Todos pela educação indica que, até 2012, 95% dos jovens brasileiros de 16 anos deverão ter completado o ensino fundamental. Apenas o Acre (66,8%), Sergipe (53,3%) e o DF (82,2%) superaram a meta. O plano de desenvolvimento traçado diz também que 90% ou mais dos jovens brasileiros de 19 anos deverão ter completado o ensino médio. As unidades federativas que ultrapassaram as metas foram: Alagoas, Bahia, DF, Pará, Pernambuco, Santa Catarina e Tocantins. A Secretaria de Educação do DF não quis comentar os resultados do estudo.

RANKING DOS INVESTIMENTOS

Distrito Federal - 4.834,43 Roraima - 4.365,37 Amapá - 3.729,39 Espírito Santo - 3.687,37 Mato Grosso do Sul - 3.481,96 Acre - 3.269,33 Sergipe - 3.111,59 Tocantins - 2.946,82 São Paulo - 2.930,56 Rio de Janeiro - 2.773,33 Ceará - 2.759,14 Goiás - 2.691,80 Mato Grosso - 2.510,95 Minas Gerais - 2.445,80 Rondônia - 2.410,95 Rio Grande do Sul - 2.369,02 Paraná - 2.301,10 Pernambuco - 2.157,11 Piauí - 2.120,53 Alagoas - 2.070,23 Santa Catarina - 2.052,57 Rio Grande do Norte - 2.038,18 Maranhão - 2.033,48 Pará - 2.006,35 Amazonas - 1.868,07 Paraíba - 1.802,39 Bahia - 1.766,94 Brasil - 2.948,00